Os gostos não se
discutem, verdade tornada insofismável pela betitude carneiro do povinho quando
quer defender a sua analfabeta prestação, no entanto e como dizia um excelente
professor de quem tive a honra de ser aluno, “…mas o mau gosto discute-se”e
nada como conhecer as realidades culturais, cada vez menos diferenciadas, que
existem de Norte a Sul deste paraíso de sevandijas, para conseguirmos perceber
que culturalmente este país é de uma labreguice extrema, vivemos aliás como
dizia o outro num país rasca, mesmo muito rasca.
Uma destas cálidas
noites, estávamos nas festas de uma terreola, que apesar de ser uma pequena terreola,
dista, grosso modo, a apenas uns meros 40 minutos de boas estradas da capital
do país, não estamos pois a falar de uma qualquer terreola insalubre perdida lá
nas berças entre serranias e montes.
A banda que tocava
uma espécie de metal gótico, suave, mas com bons arranques, onde mesmo os menos
entendidos conseguem perceber qualidade, aí se cruzam, sonoridades tão díspares
como Nirvana ou Vivaldi, a vocalista tem uma boa voz que complementa muito bem
o “ensemble”, como é evidente não serão a melhor banda do mundo, mas fazem um
muito bom trabalho, trazendo outros sons ao marasmo cultural do panorama das
festarolas de aldeola, além disso gostam daquilo que fazem e isso consegue
perceber-se no empenho que colocam nos temas que vão desfilando no alinhamento.
Mas para sua grande tristeza os labregos daquela terreola, naquela noite,
estavam sintonizados noutra onda.
É extremamente
triste, perceber “in loco” aquilo a que as duas últimas décadas de Educação
reduziram, uma população que nunca tendo primado pela elevação, cultural e
cívica, em apenas vinte anos mercê de patéticas experiencias educacionais, da
falta de investimento na criação de um povo educado e civilizado, os reduziram
a esta massa amorfa de labregos, de analfabetos abrutalhados, que por aí andam.
E não se deixem enganar
pelos festivais nem pela grande amplitude de sonoridades que se podem ver nesse
tipo de eventos, esse público é quase sempre o mesmo, é tal e qual os
frequentadores das bibliotecas, se o leitor começar a frequentar uma
biblioteca, ao fim de um mês conhecerá todos os utilizadores da dita
instituição, conseguindo inclusive conhecer todas as suas pequenas manias e
tiques, tal é o ínfimo número daqueles que frequentam as bibliotecas,
exceptuando os que lá vão apenas para utilizar as instalações sanitárias.
A banda fez o seu
melhor para cativar a maralha, que a pouco e pouco foi debandando, entre os
ocasionais gritos “vai-te embora”, e a indiferença patética dos pobres de
espírito. Acabaram de tocar, sendo substituídos por uma daquelas aberrações
musicais que por aí existem aos molhos, com meninas aos pulos em trajes menores
e letras de musicas de qualidade fantástica roçando o grau zero de intelecto, a
maralha tinha regressado e as escadarias do largo da igreja estavam de novo
repletas de basbaques de todas as idades que deliravam com as musiquetas
labregas, “é disto que o meu povo gosto”, e é muito triste que assim seja.
Não precisamos todos
de gostar de Mozart ou de Chopin, mas era muito mais interessante que os gostos
musicais, que a cultura do povo e que a sua educação, fosse eclética para
absorver e apreciar as muitas coisas de qualidade que felizmente existem,
produto da carolice e do empenho dos muitos bons músicos que temos neste país,
facto notável, dada a linearidade do espectro musical que faz os gostos da
maralha labrega, infelizmente a qualidade não é coisa que preocupe a labregada,
isso explica que um qualquer Anselmo de quinta categoria, some e siga a cantar
pimbalhices rasca e encha terreiros com milhares de alimárias primárias que se
dedicam a andar à bulha, pouco mais que símios, autênticos primatas inferiores
desenraizados aculturados a modas cretinas, transportando para o seu dia-a-dia
realidades de outras culturas.
É em verdadeiro
êxtase que escutam as lamechices sem cérebro debitadas pelas poderosas colunas
de som, desse grande exército de promotores da labreguice nacional. Viva Portugal,
vivam os labregos que por cá habitam, vivam os políticos, as suas politicas
educativas, viva a extraordinária capacidade de adaptação da labreguice e da
pobreza de espírito que torna Portugal este fenómeno de imbecilização
colectiva.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
Sem comentários:
Enviar um comentário