domingo, julho 14, 2013

O "Efeito Tiririca" nos políticos de Portugal



O efeito “Tiririca” na política portuguesa tornou-se mais intenso nos últimos 20 anos. Mercê do desaparecimento de figuras cuja inquestionável qualidade, académica, moral e pessoal fazia toda a diferença. Hoje, se olharmos para a miseranda situação, apesar, diga-se em abono da verdade, que este não é um problema apenas português, sendo porém certo que Portugal, tendo em conta a fragilidade cultural, educacional e civilizacional está numa particularmente periclitante situação, confrontamo-nos com um terrível vazio que afecta os nossos quadros políticos, uma mais que confrangedora falta de qualidade, afecta os senhores do poder.
De que falamos quando aludimos ao “efeito Tiririca”? Recorrendo a um conhecido fenómeno da política brasileira, forjamos este conceito e falamos obviamente numa acentuada falta de qualidade dos políticos nacionais, falamos obviamente de deputados, de governantes e claro e ainda mais preocupante dos eleitos locais. Qualitativamente, é atroz e pavoroso a falta de qualidades académicas, técnicas e pior de qualidades pessoais, da moral e da cultura do mérito e do respeito pelos eleitores.
Esta falta de qualidade, prova-se concretamente pelo estado do país, pelo estado das edilidades e pela verdadeira catástrofe que se abateu sobre este país, produto de anos de desvario económico e de completa e criminosa incompetência, a vivermos num país saudável, uma grande maioria dos eleitos estaria atrás das grades, culpados que são de todo o tipo de crimes económicos e omissões, provas disso, é olhar as vilas e cidades deste pobre Portugal, sobre dimensionadas, cheias de construção de péssima qualidade, completamente descaracterizadas, com redes de esgotos desadequadas, sem tratamento de esgotos ou com deficiências graves nesse tratamento, com infra-estruturas megalómanas que endividaram o erário público e com o interior completamente desertificado.
Os políticos nacionais são efectivamente de muito má qualidade, isso reflecte-se no seu desempenho diário, reflecte-se na rede de compadrios e caciquismo, reflecte-se nas redes da pequena corrupção que vai crescendo pela administração acima até chegar aos mais altos magistrados da nação e aos esquemas da grande corrupção da sociedade, reflexo daquilo que observou Treisman (2000), a corrupção tem sido responsabilizada pelas falhas de certos países "em desenvolvimento" o desenvolvimento e pesquisa empírica recente confirma uma ligação entre corrupção percebida e maior e menor investimento e crescimento de um país. A falta de qualidade dos nossos políticos está intimamente relacionada com a falta de Educação, com uma verdadeira preocupação com a Educação, percebendo-se que há muito que os nossos políticos intuíram que a Educação é a chave de tudo, daí o tão pouco esforço que se tem feito em Portugal para educar o país, a verdadeira educação não é oferecer o 12º Ano a eito, a verdadeira educação é ensinar a questionar, ensinar a pensar e nesse campo há muito que deixamos de ter Educação.    
Parece que de um modo geral aos corredores do poder apenas chegam regra geral os mais ineptos e incapazes, Caselli & Morelli (2004) colocam essa mesma questão quando teorizam que os cidadãos de baixa qualidade tem uma "vantagem comparativa" ao perseguirem um cargo político, porque os seus salários no mercado de trabalho são inferiores aos dos cidadãos de alta qualidade (competência), e ou porque eles colhem retornos mais elevados de cargos (honestidade). Sendo nesta dicotomia de competência e honestidade que os políticos portugueses falham completamente, sendo muito difícil achar exemplos de políticos competentes e ao mesmo tempo honestos o que parece confirmar que estamos certos quando declaramos que a classe política portuguesa sofre do “efeito Tiririca”.
Com um período eleitoral à porta, de norte a sul milhares de pessoas se preparam para disputar lugares de cariz político, houvesse uma população culturalmente evoluída e educada, como identificou Eicher et al (2006), mais educação aumenta a produção aumentando também os valores monetários disponíveis para a corrupção, mas também aumenta a probabilidade do eleitorado identificar comportamentos corruptos e expulsar os políticos corruptos o que nos permite afirmar que com mais educação o índice da corrupção seria bem menor, logo a qualidade dos eleitos seria muito melhor bem como a vigilância sobre os mesmos.
No entanto a realidade nacional, não é essa, temos uma sociedade em grande parte dissociada do poder político, temos um poder político alienado aos grupos de pressão que se deixa corromper e promove a corrupção, o laxismo e a inépcia o que nos deixe à mercê das redes mafiosas e dos interesses escuros que nunca poderiam ter o sucesso que têm acaso não existisse uma extremamente bem montada rede de compadrios e conivências, e muito dessa problemática advém da miserável qualidade, pessoal, técnica e moral dos políticos portugueses e esse é o grande drama do "efeito Tiririca" na condução política de Portugal.

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

Referências:
Caselli, F. & Morelli, M. (2004). BAD POLITICIANS. Journal of Public Economics. Retirado de: http://personal.lse.ac.uk/casellif/papers/bad.pdf. acedido em 13 de Julho de 2013

Eicher, T; García-Peñalosa, C. & van Ypersele, T. (2006). Education, Corruption, and the Distribution of Income. Retirado de: http://faculty.washington.edu/te/papers/ept_1.pdf. acedido em 9 de Julho de 2012  

Treisman, D. (2000). THE CAUSES OF CORRUPTION: A CROSS-NATIONAL STUDY. Journal of Public Economics. Retirado de: http://www.sscnet.ucla.edu/polisci/faculty/treisman/Papers/causes.pdf. acedido em 12 de Julho de 2013

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