O efeito “Tiririca”
na política portuguesa tornou-se mais intenso nos últimos 20 anos. Mercê do
desaparecimento de figuras cuja inquestionável qualidade, académica, moral e
pessoal fazia toda a diferença. Hoje, se olharmos para a miseranda situação,
apesar, diga-se em abono da verdade, que este não é um problema apenas
português, sendo porém certo que Portugal, tendo em conta a fragilidade
cultural, educacional e civilizacional está numa particularmente periclitante
situação, confrontamo-nos com um terrível vazio que afecta os nossos quadros
políticos, uma mais que confrangedora falta de qualidade, afecta os senhores do
poder.
De que falamos
quando aludimos ao “efeito Tiririca”? Recorrendo a um conhecido fenómeno da
política brasileira, forjamos este conceito e falamos obviamente numa acentuada
falta de qualidade dos políticos nacionais, falamos obviamente de deputados, de
governantes e claro e ainda mais preocupante dos eleitos locais.
Qualitativamente, é atroz e pavoroso a falta de qualidades académicas, técnicas
e pior de qualidades pessoais, da moral e da cultura do mérito e do respeito
pelos eleitores.
Esta falta de
qualidade, prova-se concretamente pelo estado do país, pelo estado das
edilidades e pela verdadeira catástrofe que se abateu sobre este país, produto
de anos de desvario económico e de completa e criminosa incompetência, a
vivermos num país saudável, uma grande maioria dos eleitos estaria atrás das
grades, culpados que são de todo o tipo de crimes económicos e omissões, provas
disso, é olhar as vilas e cidades deste pobre Portugal, sobre dimensionadas,
cheias de construção de péssima qualidade, completamente descaracterizadas, com
redes de esgotos desadequadas, sem tratamento de esgotos ou com deficiências
graves nesse tratamento, com infra-estruturas megalómanas que endividaram o
erário público e com o interior completamente desertificado.
Os políticos
nacionais são efectivamente de muito má qualidade, isso reflecte-se no seu
desempenho diário, reflecte-se na rede de compadrios e caciquismo, reflecte-se
nas redes da pequena corrupção que vai crescendo pela administração acima até
chegar aos mais altos magistrados da nação e aos esquemas da grande corrupção
da sociedade, reflexo daquilo que observou Treisman (2000), a corrupção
tem sido responsabilizada pelas falhas
de certos países "em
desenvolvimento" o desenvolvimento e pesquisa empírica recente
confirma uma ligação entre corrupção percebida e maior
e menor investimento e crescimento de um país.
A falta de qualidade dos nossos políticos está intimamente relacionada com a
falta de Educação, com uma verdadeira preocupação com a Educação, percebendo-se
que há muito que os nossos políticos intuíram que a Educação é a chave de tudo,
daí o tão pouco esforço que se tem feito em Portugal para educar o país, a
verdadeira educação não é oferecer o 12º Ano a eito, a verdadeira educação é
ensinar a questionar, ensinar a pensar e nesse campo há muito que deixamos de
ter Educação.
Parece que de um
modo geral aos corredores do poder apenas chegam regra geral os mais ineptos e
incapazes, Caselli & Morelli (2004) colocam essa mesma questão quando
teorizam que os cidadãos de baixa
qualidade tem uma "vantagem
comparativa" ao perseguirem um cargo político,
porque os seus salários no mercado
de trabalho são inferiores aos dos
cidadãos de alta qualidade (competência), e ou porque eles colhem retornos
mais elevados de cargos (honestidade). Sendo nesta dicotomia de competência e
honestidade que os políticos portugueses falham completamente, sendo muito
difícil achar exemplos de políticos competentes e ao mesmo tempo honestos o que
parece confirmar que estamos certos quando declaramos que a classe política
portuguesa sofre do “efeito Tiririca”.
Com um período
eleitoral à porta, de norte a sul milhares de pessoas se preparam para disputar
lugares de cariz político, houvesse uma população culturalmente evoluída e
educada, como identificou Eicher et al (2006), mais educação
aumenta a produção aumentando também os valores
monetários disponíveis para a corrupção, mas também aumenta a probabilidade do
eleitorado identificar comportamentos
corruptos e expulsar os políticos corruptos o que nos permite
afirmar que com mais educação o índice da corrupção seria bem menor,
logo a qualidade dos eleitos seria muito melhor bem como a vigilância sobre os
mesmos.
No entanto a
realidade nacional, não é essa, temos uma sociedade em grande parte dissociada
do poder político, temos um poder político alienado aos grupos de pressão que
se deixa corromper e promove a corrupção, o laxismo e a inépcia o que nos deixe
à mercê das redes mafiosas e dos interesses escuros que nunca poderiam ter o
sucesso que têm acaso não existisse uma extremamente bem montada rede de
compadrios e conivências, e muito dessa problemática advém da miserável
qualidade, pessoal, técnica e moral dos políticos portugueses e esse é o grande drama do "efeito Tiririca" na condução política de Portugal.
Um abraço, deste
vosso amigo
Barão da Tróia
Referências:
Caselli, F. & Morelli,
M. (2004). BAD POLITICIANS. Journal
of Public Economics. Retirado de: http://personal.lse.ac.uk/casellif/papers/bad.pdf.
acedido em 13 de Julho de 2013
Eicher, T; García-Peñalosa, C. & van
Ypersele, T. (2006). Education, Corruption, and the Distribution of Income. Retirado
de: http://faculty.washington.edu/te/papers/ept_1.pdf.
acedido em 9 de Julho de 2012
Treisman, D. (2000). THE CAUSES OF CORRUPTION:
A CROSS-NATIONAL STUDY. Journal of Public Economics. Retirado de: http://www.sscnet.ucla.edu/polisci/faculty/treisman/Papers/causes.pdf.
acedido em 12 de Julho de 2013
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