sexta-feira, abril 05, 2013

O nacional "sem-vergonhismo"!



Nada anima tanto o espírito português como o “sem-vergonha”, este verdadeiro hussardo do campo de batalha social, foi elevado à categoria de quase mítico herói nacional, muito se percebe de um país pela qualidade dos seus mitos e heróis, no que a Portugal diz respeito estamos pois conversados, o “sem-vergonha” é um sólido indicador daquilo que é este país.
O “sem-vergonha”, atravessa a sociedade de lés a lés, prospera e engorda, Portugal é dos mais extraordinários paraísos para os “sem-vergonha”, animados com os bons ares, alumiados com os solarengos dias sem par acima do equador, o “sem-vergonha” almeja o mundo o céu é o limite e a imaginação, não conhece limites o que torna perigoso o “sem-vergonha”, qual infante desconhecedor dos limites, enérgico o “sem-vergonha” nunca se queda se estar a congeminar futuras sem vergonhices, os mais anónimos vão passando impunes nas suas terrinhas, com as suas trafulhices sem vergonha, assegurando os seus lugares em círculos de amizades onde se insinuam por forma a conseguirem aceder a outros locais, e é vê-los em clubes de futebol, em associações, em confrarias e autarquias, aos mais famosos dos “sem-vergonha”, espera-os, a consagração, deputados, ministros, até presidentes da república.
Com os amigos nos locais certos, ou servindo-se dos amigos, a quem enfia o barrete sem qualquer pejo ou obstáculo moral, coisa que aliás desconhece, o “sem-vergonha” não sabe o que moral, desconhece a consciência e é completamente omisso ao conceito da honra e da honestidade.
Não conhecemos país em que o “sem-vergonha” se sinta tão à vontade como em Portugal, por mais que seja a sua falta de vergonha, por pior que seja a sua trafulhice, por mais hedionda que seja a vigarice que o “sem-vergonha” perpetre, não só tem defensores, como pessoas que até temos na conta de inteligentes e integras se desvelam no apoio ao “sem-vergonha”, aliás só num país absolutamente labrego e falho em honestidade se aponta mais facilmente o dedo e discrimina alguém por causa da sua orientação sexual, do que pela falta de honestidade, esta subversão pervertida dos valores morais da honestidade é completamente estúpida. Chegamos ao cúmulo de ver insultar e agredir alguém por ser homossexual, e ver exultar desculpar e à boa maneira labrega e subserviente tratar por “doutor” o maior dos, sem-vergonha.
É confrangedor assistir ao branqueamento que se faz do “sem-vergonha”, é absolutamente triste, constatar que ao “sem-vergonha” tudo se lhe permite, e que a atitude normal do cidadão comum é desculpar, compreender e procurar apoucar a sem vergonhice, o que nos leva a pensar que em cada português existe veladamente escondido um potencial “sem-vergonha” que sob as condições certas despontará qual flor corrupta e malévola, esta obscura lembrança não nos deixa augurar nada de bom para um país que possui tal qualidade de gente, será que somos um povo de trafulhas, vigaristas, aldrabões e trapaceiros sem vergonha?
Resposta fácil, se olharmos atentamente para a nossa sociedade, se olharmos para as instituições e para os seus representantes, se olharmos para nós próprios, facilmente descobrimos a resposta, sim, somo um mais de velhacos, trapaceiros, aldrabões e vigaristas sem vergonha!

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

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