Começa hoje, outra das inenarráveis palhaçadas trágico jurídicas desta anedota que insistimos em chamar país, dá pelo nome de processo «Face Oculta», mas poderia também ter o nome de Farsa Oculta, porque na realidade é disso que se trata, o julgamento será uma farsa e a rede de vigaristas ficará oculta, continuando a seu bel-prazer a manobrar na sombra os dinheiros públicos, o que deles restar, para gáudio de bordéis caros, restaurantes de luxo, vendedores de carros luxuosos e imobiliárias.
Não são os contornos do caso, as manobras de politiquice rafeira, as artolices dos causídicos, as declarações dos visados sempre remetendo para a presuntiva inocência ou apontando para cabalísticas maquinações de pedreiros livres e amantes da foice e do martelo, temática aliás recorrente, não é isso que me fere os tímpanos, o que realmente e desagrada e me faz ter nojo deste país e desta gentinha torpe, é falar-se desta situação como se fora única!
As maquinações do processo Face Oculta, que não serão provadas claro está, são o dia-a-dia de Portugal há mais anos do que cabelos, tenho no cocuruto, os esquemas do compadrio, do amiguismo, do unto de mãos e de uma mão lava a outra, naquilo que traduzido linearmente será um fenómeno cultural de corrupção endémica e banditismo de colarinho branco que está enraizado na cultura portuguesa e séculos passarão ainda, se o mundo sobreviver, até que se consiga erradicar, se alguma vez se conseguir, facto de que tenho sérias dúvidas, este mal, extirpando-o da génese do «Homus Lusitanus».
Se atentarem bem aos indiciados, notem as classes que representam, o pato bravo, o cacique, o politiqueirote de quinta categoria, o funcionário superior corrupto, o filho do papá nomeado por ser apenas filho de alguém importante, o representante autárquico, só lá falta salvo erro de alguém ligado ao futebol, para termos o completo paradigma da vigarice lusitana. Se vos parecer familiar é porque realmente o é. Porque este esquema passa-se em todo o Portugal, com maior ou menor grau de latrocínio, envolvendo sempre os mesmos tipos de chicos espertos, que enxameiam os corredores do poder, que à descarada em duas décadas amealham colossais fortunas que levaram a outros menos dotados vidas de trabalho árduo, descontando o facto de que, a maioria dos que arduamente trabalham, jamais lá chegarão.
Por isso me enoja o facto de se olhar para este processo como caso único, com declarações de dama ofendida, como se Portugal não fosse, infelizmente, pródigo em muitas faces ocultas! Ou andam a dormir ou então não vivem no mesmo país que eu, infelizmente, tenho de viver!
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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