Uma proposta recente do governo pretende que os funcionários públicos, apenas possam exercer no sector privado quando devidamente autorizados. Esta proposta está incluída no pacote legislativo de oito projectos-lei que começaram ontem a ser debatidos no Parlamento e que se destinam a combater a corrupção.
A terreiro saiu prestes o inefável representante do sindicato dos médicos, vulgarmente apelido por Ordem dos Médicos, o senhor doutor aprestou-se a dizer cobras e lagartos dessa proposta, que colidirá com os interesses dos senhores doutores, pois claro, porque se pretende, e muito bem, que os optem por trabalhar ou no sistema público ou no privado, excelente proposta que só peca por tardia, que se vier a ser aprovada colocará os senhores doutores nos eixos, terminando assim com décadas de regabofe e patifarias várias.
O senhor Bastonário, acrescentou como defesa do não sancionar, de semelhante proposta, que na sua perspectiva após aprovarem essa legislação, Portugal ficará com uma saúde para pobres e outra para ricos. Caro senhor Bastonário, onde tem vossa excelência pernoitado nas últimas décadas, esse tipo de saúde a que tão bem alude, não decorrerá da proposta de vincular os senhores doutores a um ou a outro sector, até porque esse tipo de saúde para pobres e ricos já existe há muito por cá, por conseguinte labora o douto senhor num equívoco, ou por ventura não conhece vossa excelência uma coisa chamada listas de espera.
Um outro excelente argumento que o senhor Bastonário utilizou, foi o de que as pessoas, leia os senhores doutores e doutoras, se tal proposta for aprovada tenderão a seguir para onde melhor lhes paguem, aí estamos de acordo, querendo o senhor Bastonário dizer que os hospitais ficarão desprovidos de médicos, acredito que mercenários como são efectivamente o farão, no entanto, bastará recorrer à importação de médicos para que em poucos meses possamos equilibrar as coisas, com uma vantagem, ficaremos com profissionais excelentes e muito mais baratos, e mais importante habituados a trabalhar. Segundo Pedro Nunes, isto fará com que «a médio prazo, só trabalhará no Estado, que é quem pior paga, os piores médicos», ou os que não forem mercenários e estejam realmente vocacionados para ser médicos, digo eu, até porque os piores querem é sair para o privado para poderem ganhar ainda mais fazendo o menos possível.
Por último, o senhor Bastonário utilizou um argumento ligeiramente torpe. Disse o senhor Bastonário que os médicos não vendem submarinos, nem estão em centros comerciais. Pois é verdade o senhor Bastonário Pedro Nunes lembrou que corrupção não que ver com actividade normal dos médicos, isto na sua opinião. Então como classificar a prática habitual, dos senhores doutores de dizerem a alguém que precisa de uma operação, “aqui no hospital, tem de aguardar seis meses, mas se quiser na clínica tal, poderá faze-lo já amanhã, custa é cinco mil Euros”. Esta prática é o quê senhor Bastonário?
Já sei, o senhor Bastonário se me respondesse diria que isso são casos pontuais, que não se pode julgar toda uma classe por causa de uma minoria de maus profissionais, sim talvez seja verdade, no entanto nos últimos anos tenho coleccionado histórias destas, e conheço detalhes de muitas, tendo em conta que vivo aqui numa área pequena, fazendo uma extrapolação simples, chego à conclusão que essa sua minoria é uma grande minoria.
Poderia ainda falar da relação fantástica entre senhores doutores e laboratórios farmacêuticos, uma excelente parceria, que tem dado para ver o mundo, viajar, comprar carros e casas, à conta do papalvo que tem o azar de estar doente. Poderia também falar da resistência aos genéricos e à unidose, claro que não serão casos de corrupção, serão no entanto pelo menos ética, deontologicamente e moralmente muito questionáveis.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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