quarta-feira, outubro 29, 2008

Dona Crise

Dona Crise assentou arraiais neste reino, poderia ser Dona Branca ou Dona Flor, porque raio tem tantos maridos, mas Dona Crise definitivamente assentou arraiais no condado, poderia ser um “case study” expressão que está na mó de cima, qualquer coisa que não se perceba o porquê torna-se de súbito no linguajar complicado dos mangas de alpaca um caso de estudo, Dona Crise comadre portuguesa de gema, anda aí.
Mas nós estamos habituados a ela, desde 1143, que convivemos com ladrões, larápios, galfarros, pilha-galinhas, assaltantes bandidos e bandalhos naquilo que poderá ser um outro “case study” como é que uma terra tão pequena e tão pobre dá origem a tanto ladrão, a tanta sanguessuga chupista que eternamente vive de pilhar o suor alheio.
Dona Crise é voluptosa e meiga, chega de mansinho e ataca com vagar, roendo um poucochinho de cada vez para não matar o hospedeiro, servida por acólitos certeiros, vai esburgando as algibeiras ao pobre cada vez mais pobre, umas vezes pagamos para isto outras para aquilo, outras ainda para aqueloutro, interessa é estarmos sempre a pagar, claro que isto de pagar só se aplica a alguns, aos outros, a uma minoria muito esperta, é só engordar sentar à sombra bater uma suecada, enfardar uns bagaços e fumar umas cigarradas, que depois no dia certo é levantar o cheque e deixar cantar a carriça, ou se interessa para o caso a cigarra, que vai dar ao mesmo.
Ao diabo a bolsa, em especial a nossa, que Dona Crise, atrai ao pilim como a traça à lã nova, por dá cá aquela palha, tiram-nos tudo, até a palha do colchão, tiram-nos a nós os que trabalhamos, que suamos as estopinhas para vestir calçar e dar de comer à famelga, porque aos outros não tiram nada só dão e mesmo quando eles tiram ainda lhes dão mais, do a nós nos tiram.
Dona Crise habituada a festarolas e comezainas, anda por aí sempre alfeira e bem disposta, já cá anda há muito tempo, disfarça, presume de inocente, sobretudo finge, finge riqueza, finge, solenidade, finge organização, o poeta é um fingidos disse um dia certa pessoa, mas Dona Crise não tendo hábito de leituras, finge ser dado às letras à educação, mas só finge, porque na realidade é nada, néscia pura, estulta até mais não. Acredita em projectos em bandas largas para o cidadão navegante, que à míngua de batata acrescenta água ao caldo cada vez mais caro e desenxabido, navegar é preciso, maldito fadário este da navegação, que atira para estranja 6 milhões dos nossos e importa outros desvalidos de cores várias as mais das vezes pobres diabos sem eira nem beira que do trabalho tem noções esquivas quando não inexistentes, ai esta Dona Crise, acredita na globalização, dado adquirido que nos tenta enfiar pelo gorgomilo abaixo, aos tansos e pacóvios que crêem em semelhante pasquinice.
Dona Crise dita modas, na moda fica quem quer andar à moda e quem tem de bailar conforme a moda que toca, porque se o banqueiro se afunda, é preciso acudir-lhe nem que para isso se abrasem mil dos outros, daqueles que já pagaram ao banqueiro, que já pagaram aos filhos de Dona Crise, que continuam a pagar, que pagam tudo e ainda assim riem os parolos, patêgos! Pobres labrêgos toldados pela pândega Dona Crise que arrufa os empurra bolas e outras alarvices para entreter a maralha alienada, malvada Dona Crise que não despega que não larga.
Que morra mil vezes, de morte matada em falecimentos e óbitos vários essa Dona malfada e malfazeja, que morra em horríveis suplícios, que sonho esse, pior é o acordar do pobre, que acorda sempre a pensar em dar corda ao sapato e ganhar os tostões que o patrão sempre chora, porque no fundo no fundo o que queria era poder voltar a contratar no terreiro ao domingo à jorna, para pagar o tostão que de tão mínguado mal dava para meia sardinha de gato, ó tempo volta para trás, gritava o outro com ar de moiro mourão, bem dito o deus deles que os alimenta de fé.

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

2 comentários:

Anónimo disse...

Li ontem ma coisa,desse gajo português que ganhou o Prèmio Nobel da Literatura,não é o Cristiano Ronaldo...

Há dinheiro para salvar os bancos,mas não há dinheiro,para salvar os que morrem á fome.

Anónimo disse...

Amigo Barão, faltou a palavra solidariedade, a tal que dizem ir em FORÇA para 2009.
Qual CRISE qual carapuça.
É ver-se a gastar EUROS num GOVERNO que pede CONTENÇÃO ao POVO, como se o POVO conseguisse fazer FACE á cara da VIDA.
Manda-se os "NOSSOS" trabalhadores para fora e deixa-se entrar uns quantos, que por sinal fazem uns roubos á descarada e ala de abalada para a terra deles.
Somos realmente uns tansos.
E temos o DESEMPREGO a chegar aos 10%.
É OBRA.

touaqui42