segunda-feira, junho 09, 2008

Queixinhas

Queixava-se recentemente o Chefe de Estado das Forças Armadas que há uma crise nas fileiras, não há praças suficientes, para manter os níveis de operacionalidade, contrapôs o ministro que tutela a área com a necessidade de um estudo e da implementação de critérios e por aí adiante numa usual verborreia politiqueira que quer dizer coisa nenhuma, ou antes quer dizer exactamente quão incapazes são lá por aquelas bandas.

Uns dias antes também ouvíamos queixas oriundas das polícias, concursos para 5 mil efectivos ficaram-se pelos 2 mil concorrentes, uma vez mais desta feita o Ministro da Administração Interna lá tirou do capote mais umas nulidades verbais e uns dichotes inconsequentes, que nada adiantam ao problema, que tem uma única causa, os salários absolutamente miseráveis que ganham as praças ou equiparados, quer num lado quer noutro.

Nas Forças Armadas e nas polícias os salários mensais andam entre os 600 e os mil e poucos euros, um ordenado porreiro para quem é solteiro e bom rapaz, mas para alguém que tenha família, casa para pagar e por aí adiante não chega. Senhor Ministro o estudo está feito proceda conforme, ah e os 50 ou 100 mil euros que vai pagar aos estudiosos do assunto pode já enviar para aqui que eu agradeço-lhe, mas como sou um gajo porreiro e sei que o país está em crise aceito metade da verba.

No caso das polícias a coisa ainda é pior, porque, para além de ganharem miseravelmente mal, os homens e mulheres que enveredam, sabe Deus porquê, por essa carreira, estão sujeitos a uma inacreditável sucessão de atropelos ao seu bom desempenho profissional, atropelos de toda a ordem sendo o mais comum aquele que decorre a completa e absoluto falta da autoridade do Estado que não manda nada, como verificamos todos os dias.

Se queres ser maltratado e insultado, se queres pagar a farda do teu bolso e a gasolina para os carros andarem, se queres ser agredido e baleado sem puderes sequer esboçar uma reacção de defesa, se queres passar horas a fio par deter um energúmeno que é libertado em segundos, então não procures mais vem para a PSP ou para GNR, sentir-te-ás em casa.

As nossas Forças Armadas estão sobre dimensionadas e com pirâmides organizacionais invertidas, os oficiais existentes chegam para comandar o triplo dos efectivos e dos meios, as instalações dos estados-maiores dos três ramos estão cheios de militocratas, vulgo funcionários públicos fardados que só arrastam os orçamentos para o despesismo, há gente a mais no sítio errado e há gente e meios a menos onde fazem falta, o facto da GNR continuar com o seu estatuto de condição militar, é uma aberração pura, só se justificando como é sabido porque a sua cadeia de comando serve para absorver o desperdício e fim de carreira de toda a besuntaria acima de coronel que vem do Exercito.

Cheguei a pensar que este ministro entenderia o problema, mas não, é mais um, que não vê um boi do problema, que esgota as finanças a engordar armários de medalhas e cerimónias de dias de unidade, enquanto isso, continuamos no mais absoluto terceiro mundismo.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

2 comentários:

Talk Talk disse...

Pois.. a tão falada restruturação das forças armadas não veio mudar nada!

Um abraço

Aragana disse...

... isto anda tudo amorfo. ou a preparar alguma de fininho..