quinta-feira, novembro 13, 2014

Condecora lá o Furão



Um dia Napoleão, que efectivamente foi um grande europeísta, aliás quiçá o primeiro a visionar tal sonho e a quase consegui-lo, disse um dia a propósito das condecorações, "A soldier will fight long and hard for a bit of colored ribbon.", Traduzido livremente será qualquer coisa como, “Um soldado luta mais e melhor por um pedaço de fita colorida”.
No fundo Napoleão sabia que a vaidade de ostentar um pedaço de lata com uma fita colorida fazia os homens arrostarem os maiores perigos e desventuras, que naqueles tempos incertos de conflitos intermináveis, eram o que tinham por mais certo.
As condecorações visavam acima de tudo demonstrar o apreço que a nação tinha pelo sacrifício dos seus filhos. Premiava-se a loucura, a coragem, a abnegação, o espírito de sacrifício, premiavam-se algumas boas qualidades que infelizmente o século XXI parece ter esquecido.
Ora sucede que no século XXI, condecoram-se essencialmente os políticos, e isso leva-nos à condecoração do senhor Barroso. Bem pode o senhor Silva, como é sabido detentor da cátedra da “condecorologia aplicada” que lhe sobrevêm por inerência do seu alto cargo de Sua Excelência o senhor Presidente da República, bem como o senhor Coelho, conhecido por ser de Massamá, cabo-verdiano honorário, adorador de mornas coladeras e outros ritmos africanos, defensor jurado de Relvas e eventualmente Primeiro-ministro de Portugal, se bem que esta última atribuição ainda esteja por provar.
Dizia eu, bem podem aquelas duas altas figuras deste tipo de Estado, encher a boca com alarvidades acerca das qualidades do senhor Barroso, pode também o mesmo, jurar a pés juntos que fez tudo por Portugal e que foi muito patriota e muito dedicado, porque as acções calam as vãs palavras, até porque os patriotas não fogem para ir encher o bolso, e se critiquei Guterres pela fuga, não farei por menos a este Barroso, que preteriu o seu país à reforma doirada e agora vem dizer que se sacrificou por Portugal.
Politicamente, entendo o acto, à que criar a mitologia, à que criar heróis, e as condecorações também servem esse propósito e o PSD bem precisa de heróis mesmo que sejam de quinta categoria. Moralmente, é a mais despudorada e vergonhosa encenação que vi nos últimos tempos, pior que branquear Sócrates, que esse ao menos deu a cara e mostrou coragem, muito pior é branquear Barroso, que deu às de vila Diogo e abalou para a Europa, para o grande cargo de pau mandado da comissão europeia, um vaso com túlipas ou gerânios não teria feito pior.

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

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