sexta-feira, março 04, 2011

Entre-os-Rios Dez anos depois!

Uma década passou e o silêncio persiste nos corações de todos os que viram os seus entes queridos serem ceifados pela incúria e pela inépcia do Portugal politiqueiro, o Portugal do empurra e passa a outro, o Portugal em que a Justiça é a penas uma alegoria cómica, uma farsa de opereta bufa, em que meia dúzia de sorumbáticos e engravatados seres cinzentos tentam fazer passar uma já gasta, mentirosa e inútil mensagem de isenção e utilidade dessa coisa chamada Justiça.
Uma década passou, e as vozes dos infelizes que se viram arrancados à vida pela estupidez e cupidez dos seus governantes, ecoam pelos vales, ressoando como um hino portentoso à inglória gesta deste povo de lesmas, de carneiros eunucos, que continua a vegetar na sordidez do disparate da boçalidade e da alegra complacência dos pobres de espírito, alicerces primários do estadão e pompa com que a cáfila mandona se sustenta e vai sugando os fluidos necessários para suprir a untuosa camada que lhes cobre os glúteos, onde o calo do assento de cabedal se nota já, ai que o senhor doutor não tem ar condicionado, ai que o senhor doutor não tem computador topo gama, ai que o senhor doutor não tem cartão de crédito, enquanto ali ao lado milhares sobrevivem com as magras migalhas da Corja.
Uma década passou e já não se ouvem gritos de desespero que fariam ainda mais sentido, erguendo clamores e brados altos aos céus, que até desses parecemos esquecidos, porque nos abandonaste pai, dirão os crentes! Os gritos da revolta contra o marasmo, a roubalheira, a impunidade e contra esta Corja, que há décadas nos consume, mas atentai que disto talvez sejamos merecedores, porque somos uma sociedade hipócrita e medíocre, vergada ao peso dos grilhões das elites e dos pastores de promessas.
A tragédia de Entre-os-Rios, ficará na história não como o pior e mais trágico, por enquanto, acidente em Portugal, a tragédia de Entre-os-Rios, ficará na história de Portugal como o mais gritante hino, à estupidez colectiva de um país medíocre, de uma sociedade nojenta, de uma classe política asquerosa e torpe. Dez anos depois em Entre-os-Rios, está tudo na mesma, apenas existe uma ponte nova que não vai dar a lado nenhum, porque não existem estradas!
Em entre-os-Rios Dez anos depois, está tudo adiado, como adiado anda este país, há décadas, que se adia, a cultura, a civilidade, a Justiça e tudo o que nos poderia tornar um país justo e democrático, em Entre-os-Rios Dez anos depois, cheira a falácia, a mentira e a abandono, cheira a incúria, a inépcia e a uma vergonhosa falta de vergonha dos poderosos, cheira a estado novo!

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

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