quinta-feira, novembro 04, 2010

Orçamento aprovado, povo descansado!

Orçamento aprovado, povo descansado! Eis um novo ditado popular, bem adequado ao actual estado de miserabilismo nacional. Ontem naquela coisa chamada Assembleia da República, lá foi aprovado o orçamento Robin dos Bosques ao contrário.
A triste e paupérrima sessão parlamentar, deu ao mundo e para quem quis e se dispôs a perder tempo, um triste espectáculo, um extraordinário patético espectáculo da política “made in Lusitânia”. O ponto mais alto foi quando a senhora deputada Manuela Ferreira Leite, outra das grandes culpadas do actual estado de miserabilismo, declarou no seu tom de voz cavernoso, que aquele era um mero entendimento para iludir os mercados, como se os mercados não o soubessem de antemão.
Mas pegando na deixa dos Gatos Fedorentos, vamos lá esmiuçar esta aprovação farsola, primeira questão, quem ganha e quem perde com este orçamento? Resposta pronta e simples, ganha o país político, os aparatchiks, as nomenclaturas clientelares que gravitam em torno dos círculos do poder, ganham as máquinas partidárias, que mantêm os seus estatutos e prorrogativas, as nomeações a esmo para os gordos tachos da insolente inépcia deste Estado. Perdemos todos nós, os infelizes, que ainda têm trabalho, que pagam impostos, que não fogem ao fisco e que cada vez mais estão asfixiados pelos parasitas sociais e politiqueiros.
Os mercados vão responder? Claro que vão! Os mercados vão continuar a afundar Portugal, até porque esse jogo rende milhões aos especuladores, irão mudar quando o governo revelar as contas públicas no próximo semestre, se mudarem e se as contas mostrarem recuperação, os mercados não se regem pela lógica, mas pela imperiosa necessidade, quase compulsão obsessiva de ganhar dinheiro. No extremo este orçamento não servirá para nada e teremos mesmo de accionar o fundo de garantia. Até porque os cortes da despesa estão a certo feitos maioritariamente no lado mais fraco, comprometendo a economia e o futuro sempre incerto das próximas gerações.
Então porquê este orçamento? Caso ainda não tenham percebido o mundo mudou muito. Nestes últimos 30 anos, Portugal ao invés de criar modelos económicos sustentáveis, limitou-se a andar de mão estendida, pela Europa a pedinchar e criar fundações, conselhos de administração, direcções regionais e outras que tais, para onde foram sendo enfiados os ineptos a quem se deviam favores políticos. O dinheiro da Europa foi esbanjado em alcatrão e cimento e pouco mais, daí resultando que a economia portuguesa, é um eufemismo que se manifesta por não se manifestar, Portugal não tem economia, Portugal vive na dependência da Europa, a Europa é o nosso suporte de vida, se aprovarem uma lei de eutanásia, e desligarem o botão, o doente morre.
Exceptuando alguns, demasiadamente poucos, sectores produtivos, a produção em Portugal está morta ou no estertor final, ninguém nos últimos 30 anos se preocupou, minimamente em equacionar e desenvolver politicas produtivas coerentes e sustentadas, ninguém, incluindo esses mesmos que hoje, estando ainda nos poleiros políticos, de quando em vez, lançam alertas por isto e por aqueloutro.
Resta-nos infelizmente a velha esperança, tão grata à alma Lusa, resta-nos ir sobrevivendo aos choques, como sempre o fizemos, ainda que os de antanho tendo outra têmpera, volta e meia davam coices à carroça e punham tudo de pantanas, os burros de hoje, ajeitaram-se de tal modo à canga que andam impávidos e serenos, por isso resta-nos ter esperança, essa ilusão vã de melhores dias que hão de chegar.

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

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