terça-feira, setembro 07, 2010

Processo Casa Pia

Finalmente chegou ao fim o Processo Casa Pia. Ontem jogou-se um dos capítulos finais, com os Prós e Contras, onde mais uma vez se deram largas à incomensurável estúrdia que tudo isto representou durante seis anos.
Este processo, para além da sua génese levantou três questões com muito maior pertinência, que vistas sob o fácil ângulo do leigo importam analisar e quiçá, no interesse de uma sociedade mais justa e mais atenta aos seus cidadãos, implementar, urge mudar, porque o que existe é duma ineficácia atroz.
A primeira das questões levantadas por este processo centra-se numa cada vez mais visível verdade, Portugal trata muito mal as suas crianças. Sobre esta matéria os acontecimentos não apenas ligados a este caso mas todas as ocorrências que se verificam com as crianças provam que de uma vez por todas necessitamos enquanto sociedade de proteger as nossas crianças, protege-las não apenas de actos monstruosos, mas também de acidentes perfeitamente evitáveis e protege-las cabalmente, para que possam ser cidadãos íntegros e participativos. Sobre esta matéria estará quase tudo por fazer, porque a nossa actual sociedade pouco faz para efectivamente proteger as nossas crianças.
Uma segunda questão, tem a sua relevância nas políticas sociais e encontra-se directamente relacionada com a questão anterior, urge reavaliar, modificar e implementar novas dinâmicas sociais de protecção de crianças e jovens em risco, temos com seriedade de reavaliar as Casas Pias e todas as outras instituições do género, bem como os centros de reintegração social e as políticas de apoio social, os lares os orfanatos, tudo isso tem de ser reavaliado e reequacionando, com a certeza de que apesar de muito se fazer de correcto, mais ainda se faz de completamente contra producente, como aliás é apanágio deste nosso país.
A terceira e última questão centra indubitavelmente na Justiça. Ontem ouviu da boca do bastonário das advogados que a Justiça tem de se preocupar com os prevaricadores e não com as vítimas, ouviu também da boca de um senhor jornalista a velha máxima do pretenso Estado de Direito, que diz que mais vale um criminoso à solta do que um inocente preso, uma e outra dessas declarações provocaram-me um profundo desgosto, são declarações de gente que vive em redomas longe deste país real, a Justiça que nos rege está podre, caduca, eivada de incongruências e longe do cidadão. Quando o senhor bastonário diz que as vítimas não importam à Justiça, o senhor bastonário cospe no prato que lhe dá a comida, porque são as vítimas que pagam toda esta merda, somos nós as permanentes vítimas de políticos medíocres, de advogados imbecis e de toda a classe de sanguessugas criminosas, que pagamos esta porcaria toda, e quando vemos os nossos, interesses, os haveres e os nossos familiares vítimas de crimes por vezes hediondos para os quais não existe resposta deste pretenso Estado de Direito, apetece mandar-vos todos bardamerda bem alto, enfiem a vossa Justiça e vosso estado de direito lá onde o sol não chega.
Gostaria pois que se aproveitasse a lição desta palhaçada chamada caso Casa Pia, para melhorarmos este país, infelizmente temo bem a julgar pelo que tenho lido e visto, que a prescrição vá acabar por ser o fim deste triste evento, e tudo continuará na mesma.

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

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