Começo
por me declarar um fã incondicional do trabalho da actual Procuradora Geral da
Republica, tenho seguido com relativa acuidade o seu desempenho, por
conseguinte, tenho-a, por senhora honesta, profissional e dedicada. É pois uma
pessoa digna de crédito, a quem devemos muito pela forma como tem tentando
fazer cumprir a Lei.
No
entanto, um pequeno pormenor, e o Diabo são as pequenas coisas, facto que o
outro pateta que andava sempre a clamar pelo Dianho não percebeu, traz a mácula
perniciosa ao desempenho da senhora Procuradora, a saber o caso miserável das
crianças adoptadas pela IURD, essa coisa impronunciável produto destes tempos
miseráveis em que vivemos.
Ora
nessa infeliz e clamorosa ocorrência, declarou a senhora Procuradora, que
instada por denuncia anónima, foi verificar os processos, verificação
profundíssima, aturada e demorada, que resultou fazendo fé nas palavras da
senhora Joana “…não resultaram quaisquer factos que confirmassem o alerta
recebido”, acrescenta ainda no comunicado que enviou para a comunicação social,
“…“não se inferiu” qualquer “circunstância menos clara das diligências
realizadas no processo de confiança judicial…”, ou seja, dito por palavras mais
escorreitas, a senhora Procuradora não viu absolutamente nada daquilo que se
havia passado, miopia quiçá.
Este
estado de coisas, levanta-nos algumas questões, excluímos desde logo uma
eventual falta de competência da senhora Procuradora, como disse logo no
início, aparentemente a senhora Procurada é pessoa capaz e determinada, daí nos
seja lícito questionar sobre a qualidade do material constante nos processos
que a senhora Procuradora tão diligentemente consultou, questionamos igualmente
a qualidade e competência de quem produziu essa documentação, juízes,
assistentes sociais, técnicas disto e daqueloutro e toda a súcia de burocratas
que se envolvem neste tipo de coisa.
Questionamos
a qualidade e competência de uma Justiça, que ao que parece foi a única que não
percebeu o que ali se passava, dado que à vista de toda a gente, é possível
observar uma maléfica e supremamente vigarista actuação, que roubou crianças a
este país já tão demograficamente depauperado.
Se
este é um exemplo da Justiça que temos, em verdade é, então a Justiça de
Portugal, como bem sabemos, é uma farsa, bem podem os seus actores encher a
boca com códigos e legislação, porque a realidade desmente a teoria, como muito
bem sabemos todos os que vivemos no Portugal real.
Pior,
é questionarmos como é que foi possível um infantário ilegal funcionar durante
tanto tempo? Como foi possível que instituições públicas com acrescidas
responsabilidades na área enviassem crianças para um infantário ilegal? Como
foi possível que uma Juíza, ao estudar profundamente os processos sobre
adopções ilegais, nada tenha detectado? Haverá aqui mais uma teia de corrupção?
São muitas perguntas sem resposta, são imensas as dúvidas, certezas, temos
duas, as crianças foram efectivamente levadas e como já é costume, ninguém fez
nada, excepto agora que correm aos inquéritos, e esses todos sabemos como
acabam.
Uma
nota final para a tragédia de Vila Nova da Rainha, em primeiro, sentidas
condolências aos familiares das vítimas mortais. Em segundo dizer, que mais uma
vez, estamos perante mais uma crónica de uma tragédia anunciada, como disse uma
pessoa amiga “…quem viu aquela associação, viu milhares de outras por esse
Portugal fora…”, bem verdade. Ele há por aí coisas a funcionar ao arrepio de
tudo quanto é legislação, que são desgraças à espera de acontecer, Portugal país
avesso a cumprir as próprias leis que exara, está cheio de tragédias à espera
de acontecer, mas não desesperem, depois de acontecer, fazem-se umas
procissões, organiza-se uma viagem a Fátima, acendem-se umas velas, mais uns
concertos solidários e umas recolhas de fundos solidários, colocam-se uns
semblantes compungidos, distribuem-se afectos, chegados ao fim de semana todos
para a bola e siga o baile, tudo como antes há espera da próxima.
Um
abraço deste vosso amigo
Barão
da Tróia
1 comentário:
Tudo explicadinho...
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