Escrevia há uns dias, o jornalista
Gideon Levy, num artigo publicado no jornal israelita “Haaretz”, que
Israel precisa de um povo novo, isto na sequência da vitória eleitoral
de Netanyahu e na emergência de mais um governo liderado por “Bibi”,
sustentado pelas alas mais radicais da direita nacionalista e religiosa
de Israel, Levy, parece desiludido com o seu povo, que teima, na sua
perspectiva, dele, em escolher gente de qualidade duvidosa, para
governar Israel.
A sorte do senhor Levy é não ser
português, porque se o fosse, teria há muito desesperado e chegado à
conclusão de que este país (Portugal), precisa efectivamente de outro
povo, porque no que toca a eleger rebotalho, somos um povo campeão.
Vem esta arenga a propósito da Lei da
cobertura das campanhas eleitorais, que como já se viu, mais não é que
um atentado às mais elementares regras da Democracia, como os nossos
políticos não sabem o que é Democracia, nem que isso, fosse algo grande e
grosso, que lhes entrasse pelo esfíncter e lhes revolvesse as
entranhas, por aqui andamos a fazer de conta e a mandar mensagens de
telemóvel e por vezes no Facebook, para os jornalistas quando não
concordamos com o que dizem de nós.
A “sms” de Costa e a Lei da cobertura
das campanhas eleitorais, entretanto aprovada, são exemplos do quão mal
convivem os nossos políticos com a realidade da Democracia plena, em que
críticas e elogios fazem parte do jogo, até porque ao contrário das
pessoas normais que erram e têm dúvidas, parece existir no seio da
“elite” politiqueira nacional a aspiração ao dom da infalibilidade,
houve até, um desses senhores, que num assomo de desvario, declarou que
raramente se enganava e nunca tinha dúvidas, vindo isto de quem veio, só
podemos rir, mas não deixa de ser preocupante que estas criaturas sejam
dotadas de tão grandes egos e propensos à megalomania, ao disparate
quando não à mais sem vergonha das personalidades, uns pulhas, portanto.
Mas mesmo tendo políticos rasca e
intelectualmente a roçar o absolutamente néscio, a coisa até se poderia
compor acaso o Povo, essa grande massa insana, servisse de contra poder
aos desvarios dos politiqueiros safados e biltres que temos. Erro meu,
como dizia o poeta zarolho, o Povo, esse mesmo Povo que tanto se
glorifica com minudências e balelas, demonstra em cada acto eleitoral
que são apenas uma corja de indigentes intelectuais, miseráveis que se
presta a todas as baixezas, votando e fazendo eleger não os mais
capazes, mas sempre e de cada vez que o faz, os mais ineptos e
mentirosos.
Somos um Povo miserável, e devemos muita
dessa miséria a nós mesmos, ainda assim preferimos sempre culpar
terceiros pela nossa desfaçatez, culpamos a Troika, o Sócrates, o Afonso
Henriques, a queda do dólar ou mesmo a debochada da filha da porteira,
ao invés de assumirmos de uma vez por todas que enquanto Povo, somos uma
valente trampa, digna de dó!
Agora imagine-se que éramos um Povo
activo, participativo, com altos padrões de cidadania, civismo e
civilidade, ao invés disto que somos, deste bando de sevandijas,
ignorantes e pulhas.
Imagine-mos a indignação que uma notícia
dizendo que um político teria enviado uma sms a um jornalista a
questiona-lo sobre a sua liberdade de expressão, causaria junto de um
Povo esclarecido, educado e civilizado, imagine-mos o que faria esse
mesmo Povo quando confrontado com uma lei pulha e miserável como a que o
PSD, o CDS e o PS cozinham entre si, imagine-mos pois que nenhum desses
partidos e ou políticos voltaria a receber votos, imagine-mos até que
partiria dos militantes educados, civilizados e activos desses partidos a
iniciativa de censurar os seus líderes por tão abjectas acções, pois
isso seria num país com um Povo digno desse nome, ao invés, aqui onde
vive apenas uma manada, a coisa não colhe junto dos apaniguados e dos
agitadores de bandeirinhas a mínima reacção, tudo o que o líder diz e
faz está certo, apenas o abanar de cauda e a mansidão ecoam, mais valia
viverem na Coreia do Norte.
Dentro de cada português existe um norte
coreano escondido, que precisa sempre de um querido líder protector,
existe também um carneiro, manso e pateta, que esfusiante vive no sonho
de um dia poder ser obsequiado com uns segundos de atenção do seu
querido líder.
Portugal vive conjunturalmente na ilusão
de que é uma Democracia e um Estado de Direito, coisa que
objectivamente não somos. Este Estado bipolar, carrega em si, todos os
vícios das ditaduras “bananeras” e infelizmente muito poucas ou quase
nenhumas virtudes democráticas, somos infelizmente uma súcia miseranda
que faz de conta que é um Povo!
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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