quarta-feira, maio 20, 2015

Portugal precisa de outro Povo!

Escrevia há uns dias, o jornalista Gideon Levy, num artigo publicado no jornal israelita “Haaretz”, que Israel precisa de um povo novo, isto na sequência da vitória eleitoral de Netanyahu e na emergência de mais um governo liderado por “Bibi”, sustentado pelas alas mais radicais da direita nacionalista e religiosa de Israel, Levy, parece desiludido com o seu povo, que teima, na sua perspectiva, dele, em escolher gente de qualidade duvidosa, para governar Israel.
A sorte do senhor Levy é não ser português, porque se o fosse, teria há muito desesperado e chegado à conclusão de que este país (Portugal), precisa efectivamente de outro povo, porque no que toca a eleger rebotalho, somos um povo campeão.
Vem esta arenga a propósito da Lei da cobertura das campanhas eleitorais, que como já se viu, mais não é que um atentado às mais elementares regras da Democracia, como os nossos políticos não sabem o que é Democracia, nem que isso, fosse algo grande e grosso, que lhes entrasse pelo esfíncter e lhes revolvesse as entranhas, por aqui andamos a fazer de conta e a mandar mensagens de telemóvel e por vezes no Facebook, para os jornalistas quando não concordamos com o que dizem de nós.
A “sms” de Costa e a Lei da cobertura das campanhas eleitorais, entretanto aprovada, são exemplos do quão mal convivem os nossos políticos com a realidade da Democracia plena, em que críticas e elogios fazem parte do jogo, até porque ao contrário das pessoas normais que erram e têm dúvidas, parece existir no seio da “elite” politiqueira nacional a aspiração ao dom da infalibilidade, houve até, um desses senhores, que num assomo de desvario, declarou que raramente se enganava e nunca tinha dúvidas, vindo isto de quem veio, só podemos rir, mas não deixa de ser preocupante que estas criaturas sejam dotadas de tão grandes egos e propensos à megalomania, ao disparate quando não à mais sem vergonha das personalidades, uns pulhas, portanto.
Mas mesmo tendo políticos rasca e intelectualmente a roçar o absolutamente néscio, a coisa até se poderia compor acaso o Povo, essa grande massa insana, servisse de contra poder aos desvarios dos politiqueiros safados e biltres que temos. Erro meu, como dizia o poeta zarolho, o Povo, esse mesmo Povo que tanto se glorifica com minudências e balelas, demonstra em cada acto eleitoral que são apenas uma corja de indigentes intelectuais, miseráveis que se presta a todas as baixezas, votando e fazendo eleger não os mais capazes, mas sempre e de cada vez que o faz, os mais ineptos e mentirosos.
Somos um Povo miserável, e devemos muita dessa miséria a nós mesmos, ainda assim preferimos sempre culpar terceiros pela nossa desfaçatez, culpamos a Troika, o Sócrates, o Afonso Henriques, a queda do dólar ou mesmo a debochada da filha da porteira, ao invés de assumirmos de uma vez por todas que enquanto Povo, somos uma valente trampa, digna de dó!
Agora imagine-se que éramos um Povo activo, participativo, com altos padrões de cidadania, civismo e civilidade, ao invés disto que somos, deste bando de sevandijas, ignorantes e pulhas.
Imagine-mos a indignação que uma notícia dizendo que um político teria enviado uma sms a um jornalista a questiona-lo sobre a sua liberdade de expressão, causaria junto de um Povo esclarecido, educado e civilizado, imagine-mos o que faria esse mesmo Povo quando confrontado com uma lei pulha e miserável como a que o PSD, o CDS e o PS cozinham entre si, imagine-mos pois que nenhum desses partidos e ou políticos voltaria a receber votos, imagine-mos até que partiria dos militantes educados, civilizados e activos desses partidos a iniciativa de censurar os seus líderes por tão abjectas acções, pois isso seria num país com um Povo digno desse nome, ao invés, aqui onde vive apenas uma manada, a coisa não colhe junto dos apaniguados e dos agitadores de bandeirinhas a mínima reacção, tudo o que o líder diz e faz está certo, apenas o abanar de cauda e a mansidão ecoam, mais valia viverem na Coreia do Norte.
Dentro de cada português existe um norte coreano escondido, que precisa sempre de um querido líder protector, existe também um carneiro, manso e pateta, que esfusiante vive no sonho de um dia poder ser obsequiado com uns segundos de atenção do seu querido líder.
Portugal vive conjunturalmente na ilusão de que é uma Democracia e um Estado de Direito, coisa que objectivamente não somos. Este Estado bipolar, carrega em si, todos os vícios das ditaduras “bananeras” e infelizmente muito poucas ou quase nenhumas virtudes democráticas, somos infelizmente uma súcia miseranda que faz de conta que é um Povo!

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

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