O Conselho Nacional
da Educação, doravante simplesmente CNE, praticamente sozinho e revelando um
portentosa sabedoria, para além de uma capacidade intelectual claramente acima
da média, que rivaliza com os grande génios da humanidade, acaba de revelar que
descobriu o problema mais grave do sistema educativo de Portugal, ora parece
que afinal existem problemas no sistema educativo, facto quase sempre
desvalorizado pelos vários ministros da pasta, sendo o actual o campeão da
desvalorização de tudo e mais alguma coisa.
Mas voltemos ao CNE
e à sua excepcional descoberta, que seguramente revolucionará o ensino a uma
escala nunca antes vista, estou em crer que o Nobel da Educação, será propositadamente
criado para agraciar o senhor Crato e o senhor Justino presidente do CNE, por
tal descoberta, que lançará definitivamente o ensino nacional, mundial e quiçá
universal, dado que se espera, já no próximo ano, que delegações de várias
galáxias próximas, estejam presentes num encontro promovido pelas autoridades
educativas nacionais, sobre esta grande descoberta.
Esta descoberta é
de tal forma importante, que abalará para sempre as estruturas do edifício
educacional, velho e degradado, tal como por exemplo está a escola de música do
conservatório nacional, um edifício centenário completamente degradado onde
chove dentro e que está em tal estado porque nesse local se lecciona apenas
música, deus nos livre, como é possível escolas dedicadas a estas tretas de
músicas e artes, podemos lá gastar dinheiro com esses calaceiros da música e do
teatro e dessas artes perniciosas, dinheiro tão necessário para ter
secretárias, motoristas, carros topo gama, cartões de crédito, ajudas de custo
e milhões para enterrar em bancos e pagar as trafulhices dos senhores que pagam
campanhas eleitorais.
Gostei
particularmente do senhor Crato, que apareceu na televisão, com a sua cara de
“virgem ofendida” num esgar, encenado, misto de surpresa e indignação, pelas
recomendações do CNE, como se o senhor Crato não soubesse que recomendações
foram propostas. Esta gente deve achar que somos todos tolos e parolos, e que
qualquer idioteira que se ouve, é tida por acertada, em especial vinda de uma
coisa chamada CNE, como se nós não soubéssemos quem está nesse conselho e a que
conclusões chegam.
Dizia um ilustre
educador do século anterior, que “… só chumbam os alunos porque não os
ensinam…”, paradigma revelador do verdadeiro problema da nossa Educação. Não
vou discutir e opor-me a que a retenção, nome pomposo e pateta, para o velho
“chumbo”, seja de facto um problema da educação, é com toda a certeza, e
deveríamos estar a trabalhar sobre o porquê da sua existência, que factores
concorrem para a tal retenção, aliás sabemos muito bem alguns deles, qualidade
miserável das escolas, qualidade ultra miserável dos programas dimanados por
ministérios de fraca categoria, professores de qualidade duvidosa, alunos
miseráveis sem regras e sem respeito por si e pelos outros, famílias incapazes,
ou seja é toda uma sociedade que desvaloriza o conhecimento e a vida académica,
que coadjuva as taxas de retenção, um destes dias numa reportagem que passou
sobre o ensino Pré-escolar, que curiosamente continua sem fazer parte do ensino
oficial, dizia-se a certa altura esta maravilhosa frase; "Tipicamente há
uma educadora e duas auxiliares em cada sala", sempre gostava de perguntar
ao senhor jornalista da RTP onde foi buscar esta informação, tipicamente e
quando existe, cada sala tem apenas uma auxiliar e as mais das vezes de
qualidade assaz questionável.
Mas sobre estes
factos o CNE e o senhor ministro, nada dizem, ao invés disso, um e outro lançam
a ideia destrambelhada da “recuperação de alunos”, ora se forem tão bons na
recuperação de alunos como são a recuperar escolas, sendo a escola do
conservatório de música um excelente soberbo exemplo, estamos conversados.
O problema é que as
retenções, aparentemente, custam dinheiro, palavra maldita para o actual
governo liberaleiro, que só tem dinheiro para os colégios privados dos amigos,
“vade retro” a escola pública gastadora. Junte-se a isso as famigeradas
estatísticas, onde os nossos números, tão desalinhados com os números europeus
e mais próximos do norte de África, mostram a realidade do que realmente somos
e estragam assim a imagem edílica e seráfica que o senhor Crato quer mostrar
aos seus homónimos europeus.
Que estes senhores
venham à televisão papaguear estas abstrusidades como se fossem um qualquer
“ovo de Colombo”, até não é muito problemático. Assustador é se estes senhores
acreditam mesmo naquelas bojardas, pois temo bem que se acreditam naquilo,
temos o nosso ensino entregue a alienados, com a capacidade intelectual de uma
ameba, o que é deveras preocupante, mas que também explica muito daquilo que se
passa.
Sendo um problema
da nossa Educação, a retenção não passa de um “fait diver” quando comparada com
problemas graves como seja a indisciplina, a qualidade medíocre dos curricula,
a falta de investimento, a desmotivação do pessoal docente e não docente, a
pouca participação, no que verdadeiramente interessa, dos pais e das suas
associações, órgãos meramente decorativos, sendo que o grande e maior problema
da Educação nacional seja a quantidade incrível de personagens de qualidade
mais que duvidosa que têm perpassado pelo ministério, gente sem migalha de
qualidade. O sistema educativo se está no miserabilismo que está, pode
agradecer a toda uma trupe de políticos medíocres e esse tem sido e continua a
ser o grande problema da Educação nacional.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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