quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Municipalizar para arruinar



Ouvi com muita atenção o senhor Maduro, ministro de qualquer coisa que não retive, mas que também não tem importância. Arengava a criatura sobre os méritos de mais uma luminosa ideia, que sobreveio às meninges do actual executivo, com toda a certeza numa ida matinal à latrina, ora propõem-se o actual governo, após verificar em sede de “projecto piloto”, levado a cabo nos municípios sabujos que se prestaram a tal facécia, grosso modo municipalizar a Educação.
O senhor Maduro que conhece muito bem o país, palavras dele, parece no entanto desconhecer a realidade, e muito menos conhece a Educação, aliás depois de o ouvir fiquei ainda mais consciente de que o senhor Maduro, não enxerga um bovídeo no que à Educação concerne. E a única justificação verdadeira para decidir à pressa esta questão, se centra apenas no horror ideológico que o neo liberalismo labrego tem a tudo o que seja “público”, enquadrando-se na política do “chuta para canto” tão cara ao actual governo, que paulatinamente se tem vindo a desresponsabilizar de tudo o que é “Estado”, fazendo o comum cidadão questionar-se, com toda a razão, para que precisamos nós destes tipos.
Actualmente Portugal é gerido, como uma mercearia antiga, em que o merceeiro, rouba nos pesos e nas medidas, troca de regras a meio da venda e o troco é sempre em rebuçados, fizeram-se boas fortunas deste modo, no tempo da outra senhora, hoje também, mas na administração de um país, e para corroborar esta conclusão basta olhar para o servilismo e untuosa subserviência com que o primeiro-ministro e a ministra das Finanças se ajoelham perante Merkel.
Mas voltando ao bom do Maduro, essa luminária do saber, esse verdadeiro farol da administração e da sapiência geográfica, e da sua ideia, pouco inteligente, de “municipalizar” a Educação. Modelo já testado noutros países e já abandonado, porque provou ser ineficaz e ter concorrido para uma degradação acentuada da qualidade da Educação, a Suécia é disso um exemplo. Mas por cá adoramos ir rebuscar idiotices de outrem e aplica-las ao burgo sem sequer atender às especificidades locais, concorrendo quase sempre para as mais hilariantes e despropositadas burrices e barracas, esta que o senhor Maduro propõem, acolitado por esse verdadeiro “buraco negro” da Educação, que é o senhor Crato, será seguramente mais uma.
A realidade, dos municípios. Que o senhor Maduro diz conhecer, é tão dispare, que qualquer, “regionalização” municipal da Educação redundará num disparate tão grande, e tão gravoso, do qual dificilmente recuperaremos na próxima centúria.
E a disparidade, resulta da pouca ou nenhuma apetência, que os municípios têm para a educação, e para o modelo de gestão dos municípios, centrado essencialmente em capitalizar votações ao invés de estar centrado no bem-estar dos munícipes. Se não duvido que Lisboa e Porto disponham de bons gabinetes de Educação, com gente competente, desconfio que a restante procissão de municípios, seja o repositório da mais triste pobreza intelectual e falta de competência, e a julgar por alguns que conheço fico assustado com a miserável qualidade e interesse na Educação que os municípios revelam, muitas vezes até existindo boa vontade, se bem que algo tão importante como seja a Educação não se compadeça com tais deficiências.
No passado, os municípios foram responsáveis pelas escolas, pelo menos até ao processo centralizador do Estado Novo, mas comparar a realidade de então com actual, não é de todo um exercício intelectualmente honesto. Daí decorrendo que, aquilo que agora se propõem, pela voz do senhor Maduro, neste capítulo, seja uma das mais absurdas propostas desta espécie de elenco governativo, e digo espécie porque o actual governo parece a casa dos segredos, dada a aridez intelectual que perpassa pelas decisões que esta gente toma.
Uma última palavra, para as associações de pais, que ao invés de se preocuparem com festas e festarolas, com meninos a debitar o abecedário aos 5 anos, e com outras labreguices dignas de ineptos intelectuais, deveriam estar verdadeiramente preocupados com a Educação e principalmente com a FELICIDADE dos seus filhos, porque como diz um ilustre pedopsiquiatra nacional, é inconcebível e inaceitável que se vejam tantas crianças tão pequenas vitimas de depressão. Porque será?

Um abraço, deste vosso amigo
Baraão da Tróia

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