Ouvi com muita
atenção o senhor Maduro, ministro de qualquer coisa que não retive, mas que
também não tem importância. Arengava a criatura sobre os méritos de mais uma
luminosa ideia, que sobreveio às meninges do actual executivo, com toda a
certeza numa ida matinal à latrina, ora propõem-se o actual governo, após verificar
em sede de “projecto piloto”, levado a cabo nos municípios sabujos que se
prestaram a tal facécia, grosso modo municipalizar a Educação.
O senhor Maduro que
conhece muito bem o país, palavras dele, parece no entanto desconhecer a
realidade, e muito menos conhece a Educação, aliás depois de o ouvir fiquei
ainda mais consciente de que o senhor Maduro, não enxerga um bovídeo no que à
Educação concerne. E a única justificação verdadeira para decidir à pressa esta
questão, se centra apenas no horror ideológico que o neo liberalismo labrego
tem a tudo o que seja “público”, enquadrando-se na política do “chuta para
canto” tão cara ao actual governo, que paulatinamente se tem vindo a
desresponsabilizar de tudo o que é “Estado”, fazendo o comum cidadão questionar-se,
com toda a razão, para que precisamos nós destes tipos.
Actualmente
Portugal é gerido, como uma mercearia antiga, em que o merceeiro, rouba nos
pesos e nas medidas, troca de regras a meio da venda e o troco é sempre em
rebuçados, fizeram-se boas fortunas deste modo, no tempo da outra senhora, hoje
também, mas na administração de um país, e para corroborar esta conclusão basta
olhar para o servilismo e untuosa subserviência com que o primeiro-ministro e a
ministra das Finanças se ajoelham perante Merkel.
Mas voltando ao bom
do Maduro, essa luminária do saber, esse verdadeiro farol da administração e da
sapiência geográfica, e da sua ideia, pouco inteligente, de “municipalizar” a
Educação. Modelo já testado noutros países e já abandonado, porque provou ser
ineficaz e ter concorrido para uma degradação acentuada da qualidade da
Educação, a Suécia é disso um exemplo. Mas por cá adoramos ir rebuscar
idiotices de outrem e aplica-las ao burgo sem sequer atender às especificidades
locais, concorrendo quase sempre para as mais hilariantes e despropositadas
burrices e barracas, esta que o senhor Maduro propõem, acolitado por esse
verdadeiro “buraco negro” da Educação, que é o senhor Crato, será seguramente
mais uma.
A realidade, dos
municípios. Que o senhor Maduro diz conhecer, é tão dispare, que qualquer,
“regionalização” municipal da Educação redundará num disparate tão grande, e
tão gravoso, do qual dificilmente recuperaremos na próxima centúria.
E a disparidade,
resulta da pouca ou nenhuma apetência, que os municípios têm para a educação, e
para o modelo de gestão dos municípios, centrado essencialmente em capitalizar
votações ao invés de estar centrado no bem-estar dos munícipes. Se não duvido
que Lisboa e Porto disponham de bons gabinetes de Educação, com gente
competente, desconfio que a restante procissão de municípios, seja o
repositório da mais triste pobreza intelectual e falta de competência, e a
julgar por alguns que conheço fico assustado com a miserável qualidade e
interesse na Educação que os municípios revelam, muitas vezes até existindo boa
vontade, se bem que algo tão importante como seja a Educação não se compadeça
com tais deficiências.
No passado, os
municípios foram responsáveis pelas escolas, pelo menos até ao processo
centralizador do Estado Novo, mas comparar a realidade de então com actual, não
é de todo um exercício intelectualmente honesto. Daí decorrendo que, aquilo que
agora se propõem, pela voz do senhor Maduro, neste capítulo, seja uma das mais
absurdas propostas desta espécie de elenco governativo, e digo espécie porque o
actual governo parece a casa dos segredos, dada a aridez intelectual que
perpassa pelas decisões que esta gente toma.
Uma última palavra,
para as associações de pais, que ao invés de se preocuparem com festas e festarolas,
com meninos a debitar o abecedário aos 5 anos, e com outras labreguices dignas
de ineptos intelectuais, deveriam estar verdadeiramente preocupados com a
Educação e principalmente com a FELICIDADE dos seus filhos, porque como diz um
ilustre pedopsiquiatra nacional, é inconcebível e inaceitável que se vejam
tantas crianças tão pequenas vitimas de depressão. Porque será?
Um abraço, deste vosso amigo
Baraão da Tróia
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