quarta-feira, janeiro 21, 2015

Je Suis Charlot!



Era por “Charlot”, que em França e por cá também, ficou conhecido o grande Charles Chaplin, Charlot era um “Clown” um palhaço, mas palhaço num particularmente bom sentido. Humorista magistral dotado de um apurado sentido político, crítico e social, os seus filmes ainda hoje são hinos fantásticos sobre como o humor consegue caricaturar, satirizar e revelar as misérias da humanidade e da sociedade moderna, sim porque apesar de alguns dos seus filmes terem sido feitos há cem anos, a sua essência continua de uma actualidade atroz.
Depois de termos sido todos Charlie, ou quase todos, depois do hediondo atentado ao jornal francês, hoje depois daquelas manifestações vindas de vários quadrantes, sinto-me um verdadeiro Charlot, um palhaço, uma caricatura. Porque vi gente que não merece a mais pequena consideração, andar de braço dado a solidarizar-se com a França, quando vivem em países onde o terrorismo de Estado é uma realidade quotidiana, eles os politiqueiros que foram encenar a solidariedade afastados da sociedade, cheios de medo, valem menos que nada e deviam ter vergonha na cara.
Também achei piada aos jornais e televisões de Portugal, todos muito “Charlies”, mas ao invés de investigarem e desmascararem as mentiras, as trafulhices e de realmente informarem, limitam-se a ser ecos dos poderosos aldrabões e a entreter o povinho com idiotices. Como exemplo disso, ontem, o serviço informativo de um canal de televisão, tal como todos os outros dois, abriu o noticiário da noite com a notícia mais importante do planeta, um prémio qualquer que um empurra bolas ganhou, dedicando a isso os primeiros quinze minutos, atacou de seguida com mais quinze minutos de publicidade, de seguida abriu com mais dez minutos de empurra bolas, ora digam-me lá se isto não é ser Charlie, ou antes é mais ser Charlot, serem uns palhaços, os meios de informação nacional, com algumas poucas honrosas excepções são uma corja de inúteis vendidos aos poderosos, e é vergonhoso a colagem que fizeram ao Charlie, esses mal ou bem, certos ou errados, tiveram-nos no sítio e morreram por uma causa em que acreditam e a defender aquilo que acreditam, enquanto por cá os vermes subservientes se entretêm com guerrilhas comezinhas e “fait divers” de coscuvilheira, enquanto um país afunda e é destruído por terroristas.
Abominando as razões dos terroristas islamitas, mais abomino a hipocrisia asquerosa que vi nas atitudes dos terroristas politiqueiros, que condicionam países inteiros ao jogo da ganância, que escravizam povos inteiros sob ameaças e coação, sim porque terrorismo é o que nos fazem, desde o aspirante a tiranete, até ao grande safado do cadeirão supremo, as ameaças constantes, os alertas, o condicionar as vidas de milhares de pessoas, escudando-se sempre na Lei, que eles fazem, e na Democracia que eles nunca cumprem e com a qual convivem muito mal. Tudo isso faz de nós uns pobres Charlots, uns títeres tristes e amordaçados. Qual Charlie, qual carapuça. Nós somos é todos uns Charlots! Uns palhaços!

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

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