Era por “Charlot”,
que em França e por cá também, ficou conhecido o grande Charles Chaplin,
Charlot era um “Clown” um palhaço, mas palhaço num particularmente bom sentido.
Humorista magistral dotado de um apurado sentido político, crítico e social, os
seus filmes ainda hoje são hinos fantásticos sobre como o humor consegue
caricaturar, satirizar e revelar as misérias da humanidade e da sociedade moderna,
sim porque apesar de alguns dos seus filmes terem sido feitos há cem anos, a
sua essência continua de uma actualidade atroz.
Depois de termos
sido todos Charlie, ou quase todos, depois do hediondo atentado ao jornal
francês, hoje depois daquelas manifestações vindas de vários quadrantes,
sinto-me um verdadeiro Charlot, um palhaço, uma caricatura. Porque vi gente que
não merece a mais pequena consideração, andar de braço dado a solidarizar-se
com a França, quando vivem em países onde o terrorismo de Estado é uma
realidade quotidiana, eles os politiqueiros que foram encenar a solidariedade
afastados da sociedade, cheios de medo, valem menos que nada e deviam ter
vergonha na cara.
Também achei piada
aos jornais e televisões de Portugal, todos muito “Charlies”, mas ao invés de
investigarem e desmascararem as mentiras, as trafulhices e de realmente
informarem, limitam-se a ser ecos dos poderosos aldrabões e a entreter o
povinho com idiotices. Como exemplo disso, ontem, o serviço informativo de um
canal de televisão, tal como todos os outros dois, abriu o noticiário da noite
com a notícia mais importante do planeta, um prémio qualquer que um empurra
bolas ganhou, dedicando a isso os primeiros quinze minutos, atacou de seguida
com mais quinze minutos de publicidade, de seguida abriu com mais dez minutos
de empurra bolas, ora digam-me lá se isto não é ser Charlie, ou antes é mais
ser Charlot, serem uns palhaços, os meios de informação nacional, com algumas
poucas honrosas excepções são uma corja de inúteis vendidos aos poderosos, e é
vergonhoso a colagem que fizeram ao Charlie, esses mal ou bem, certos ou
errados, tiveram-nos no sítio e morreram por uma causa em que acreditam e a
defender aquilo que acreditam, enquanto por cá os vermes subservientes se
entretêm com guerrilhas comezinhas e “fait divers” de coscuvilheira, enquanto
um país afunda e é destruído por terroristas.
Abominando as
razões dos terroristas islamitas, mais abomino a hipocrisia asquerosa que vi
nas atitudes dos terroristas politiqueiros, que condicionam países inteiros ao
jogo da ganância, que escravizam povos inteiros sob ameaças e coação, sim
porque terrorismo é o que nos fazem, desde o aspirante a tiranete, até ao
grande safado do cadeirão supremo, as ameaças constantes, os alertas, o
condicionar as vidas de milhares de pessoas, escudando-se sempre na Lei, que
eles fazem, e na Democracia que eles nunca cumprem e com a qual convivem muito
mal. Tudo isso faz de nós uns pobres Charlots, uns títeres tristes e
amordaçados. Qual Charlie, qual carapuça. Nós somos é todos uns Charlots! Uns
palhaços!
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
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