segunda-feira, novembro 17, 2014

Trapalhonela



A infecção por bactérias de “legionela” de seu nome «Legionella pneumophila» assumiu esta semana o direito de antena em todos os noticiários, televisionados, radiodifundidos e escritos, naquilo a que poderemos chamar de mais um caso de histeria colectiva, a que nós portugueses tão propensos, somos.
Como já é habitual, aos ecrãs televisivos surgem as inefáveis reportagens exaustivas com o número de infectados, o número de falecimentos e as mais variadas opiniões de sopeiras, domésticas entediadas, bêbados de tasca e demais fauna que sempre aparece neste tipo de ocorrências incluindo jornalistas mais ou menos idiotas.
Inevitável foi também a politiqueira opinião, ministro da saúde, do ambiente e até o primeiro-ministro, que apareceu a sacudir a água do capote em relação à culpa do governo, nesta infeliz ocorrência, não faltou até uma especialista em direito ambiental que nos fez perceber que apesar da muita legislação provar o tal crime ambiental é algo que requer um milagre, logo por aí estamos descansados, mesmo que se intente algum procedimento judicial, a coisa ficará com sói dizer-se em águas de bacalhau.
Foi absolutamente patético ver as populações, qual bando de baratas tontas sem saberem o que fazer, confiando no diz que se disse, sem sequer atentarem às recomendações da autoridade da Saúde, na qual estamos em crer que a população portuguesa em geral não confia minimamente, foi absolutamente patético ver o senhor primeiro-ministro, aparecer na televisão a declarar que a culpa disto não foi do governo, aliás nada do que se passa neste país é culpa do governo. Foi igualmente patético ver a debandada das pessoas a saírem de um local alegadamente contaminado e circularem livremente, sendo também perfeitamente patéticas as declarações do senhor ministro do ambiente sobre crime ambiental, não que o não seja, mas porque sabemos perfeitamente que não farão nada sobre isso.
Foi tudo uma grande e enorme trapalhada, como é costumeiro por cá, e dá-nos bem a visão daquilo que acontecerá quando a coisa for num outro grau de gravidade, se por exemplo fosse ébola, antraz ou outra qualquer maleita bacteriológica das muitas que existem, redundaria tudo numa mortandade imprópria para um país dito Europeu, mas perfeitamente consentâneo com a realidade de terceiro mundo que é a nossa.
Aqui falhou quase tudo, falha desde logo o Governo, que está careca de saber que mais tarde ou mais cedo isto iria acontecer, dado que a legislação sobre estas questões foi alterada e ao que parece desde 2013 nada se faz para fiscalizar estas situações, o seu ódio ideológico a tudo o que é público aqui como em muitas outras coisas revelou mais uma vez que este tipo de ideologia é muito perigoso para as pessoas, por isso o senhor Coelho se apressou a sacudir água do capote. Falham as empresas que estão obrigadas a cumprir requisitos de segurança, mas claro que como sabem que não são fiscalizadas poupam esses montantes e deixa andar. Falha a protecção civil, esse belo tacho para acomodar gente de duvidosa competência, que não se viu em lado nenhum, perguntamos para que serve essa coisa da protecção civil?
Falha a coordenação entre as várias instituições minada que está pela incapacidade burocrática, falha a comunicação com as populações, que andam há todo este tempo na mais completa ignorância. Salvam-se os serviços de saúde e o ministério da saúde que o mais prontamente possível tratou de acudir à situação, mais uma vez provando que Paulo Macedo é efectivamente a única coisa positiva num Governo da mais absoluta e atroz falta de competência, agradeçamos ao Ministério da Saúde o facto de tudo isto não descambar mais ainda na mais absurda e patética trapalhada.

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

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