quinta-feira, novembro 13, 2014

Maus Juízos



Começo por dizer que concordo em absoluto com a decisão do governo de Timor em por a andar os Juízes e mais não sei quem. Como Estado soberano estão no seu direito e ponto final. Se a decisão é acertada ou não isso é um outro assunto. E é mais que claro que Timor está a dar um tiro nos dois pés, afundando-se ainda mais nas teias da corrupção que já minam as suas instituições, ou não fosse Timor uma ex-colónia de Portugal.
Não entendo portanto o ar de enfado, quer daquela espécie de ministro que anda pelos Negócios Estrangeiros, outra boa aquisição do governo do senhor Coelho, cada tiro cada melro, é só qualidade. Também não entendo o ar de enfado e as declarações dos Juízes e dos Procuradores, cá do burgo, melindrados pobres tadinhos, com a decisão do governo timorense, que certa e errada é a decisão de um governo soberano.
A meu ver a única coisa aqui verdadeiramente preocupante e que denota a ainda incipiente inexperiência das instituições timorenses e dos seus actores políticos é a falta de subtileza para de uma forma absolutamente correcta afastar os Juízes e salvar a face, como aliás se faz por cá, ora se Timor quer efectivamente e deve aspirar quase de certeza a isso, ser um Estado Democrático assente no Direito, tem de primeiro aprender com o s melhores, por isso acho que mandarem aquela rapaziada embora assim é desperdiçar opções de aprendizagem.
Brasil e Angola por exemplo, ambos como muito bem se sabe, ex-colónias de Portugal, aprenderam e dominam perfeitamente a arte da boa governança, bem como a probidade de espírito que herdaram e aprimoram, superando até o mestre, pois em termos de corrupção, bandidagem, vigarice e falcatrua, aqueles dois locais suplantam claramente Portugal. Logo Timor tem muito a aprender connosco e ao lidar assim tão mal com uma mera investigação, mostra que ainda não está preparado para ser um verdadeiro Estado de Direito.
Depois também não entendo, sinceramente, os ares de damas ofendidas dos senhores cá de Portugal. Estamos a falar de um país, Portugal, onde a Justiça pouco mais é do que uma farsa, uma opereta bufa, com tipos enfarpelados em farrapos negros e colares caríssimos, a fingir que realmente servem para alguma coisa, e não falamos apenas do problema do famoso Citius, essa famosa barracada judicial, a cara deste Governo no que toca à competência, a Justiça está e estará sempre hipotecada, porque o seu modelo assente em bases falaciosas e iníquas subverte completamente os seus bons princípios e desígnios.
Estamos a falar de um país, Portugal, onde a Justiça se divide essencialmente entre a Justiça de uns, quem pode pagar, e a justiça dos outros, quem não pode pagar. Estamos a falar de um país, Portugal, onde é possível encomendar sentenças, onde se obtêm todos os documentos e mais alguns recorrendo a métodos dúbios, onde até existe um Tribunal especial que consagra a sua actividade à mera tarefa de ilibar sempre o Estado e as suas várias instituições de acções intentadas por quaisquer cidadãos mais afoitos, por último estamos a falar de um país, Portugal, absolutamente corrupto.
Porquanto não entendo o ar ofendido que os senhores das leis puseram, parecendo aquelas putas já decadentes a quererem ainda ser tomadas por meninas novas. Já sei que presunção e água benta cada um toma a que quer, mas no caso de Portugal, a presunção torna-nos estúpidos, porque não somos exemplo para ninguém e a água benta, estou desconfiado que mesmo vendida a granel em bidões, toda a água benta do Vaticano, não chegaria para benzer este paraíso do disparate.

Um  abraço deste vosso amigo
Barão da Tróia

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