quarta-feira, abril 10, 2013

Empreendedor, bate punho!



Vivemos tempos incertos, sempre ao longo da história da Humanidade, nos tempos incertos surgiram personagens que nos fazem duvidar e as mais das vezes nos fazem rir, tal é o ridículo que espalham à sua volta. No entanto essas personagens influenciam as gerações a que pertencem, é sobre uma dessas personagens que vos quero falar hoje.
O puto apareceu num programa de televisão, tratando a apresentadora por tu, o que é revelador de que a licenciatura não lhe serviu para quase nada em termos de educação, o rapazola apareceu com um discurso milagreiro, bem a propósito, aqueles coisas motivacionais é tal, um misto de pastor evangélico com deputado. O êxito foi imediato, o sotaque bracarense, leia-se labrego, porque ele há pessoas de Braga com sotaque que não soam como aquele rapazito, as farpelas modernaças, entre o iupie de Massamá e o matarruano de Vale da Porca e a fraseologia cativante, para indigentes intelectuais, e expressões fantásticas como “bater punho”.
Este rapazelho é o protótipo da geração a que chamaremos a Geração Punheta! E o que distingue esta geração das outras “rasca”, “ à rasca” e por aí adiante, ora distingue essa expressão fantástica “bater punho”. O rapaz teve o condão de marcar decisivamente uma geração, ele é o príncipe da meia desfeita, o rei da sarapitola o único e verdadeiro Imperador da esgalha do pessegueiro o grande génio da pívia . Que arrasta com ele toda uma geração de seguidores que idolatra as alarvidades que debita com a velocidade de um tipo possuído ou em transe, o homem criou a Geração Punheta!
Generalizando, sabemos que é um exercício perigoso, mas tratando-se de traçar um perfil do elemento típico desta geração, permite-se essa veleidade. Ora o “punheta” típico tanto pode ser homem como mulher, porque como diz o guru do amolar da broca, tanto ele como a sua cara-metade batem punho. No que à faixa etária concerne o elemento típico desta geração, tem entre 23 a 35 anos, apesar de existirem por aí uns punhetas mais velhos, cresceu cheios de gadgets, iphones, ipads e iphodasses, milita em juventudes partidárias betolas, estudou nas católicas ou coisas do género, é rato de sacristia e tirou cursos de economia, gestão e merdices similares, ávido consumidor das modas e das tecnologias, nunca vergou a mola de verdade, presumido e arrogante debita verdades Keynesianas e adora estrangeirismos, como Adjustment bond ou Mainframe, mas se lhe pedirem para explorar um poema de Ducla Soares não é capaz, muito menos pensar em Pessoa ou Nobre.
Predisposto ao carneirismo e acólito da santa madre, partidário das direitas, que de verdade não o são, a geração punheta, elegeu o rei do bate punho como o seu guru, aquilo que na minha geração era Morisson, Jager ou Mercury, rebeldes também destituídos de sacralidade. A geração da pívia a eito, assenta sua mitologia no empreendedorismo, é o seu mito supremo, danados e imprestáveis, todos os que não tem ideias, não são criativos ou querem apenas ter um aborrecido emprego de manga-de-alpaca numa qualquer repartição pública, se pudessem os bravos punheteiros iluminariam as praças deste país com o fogo purificador onde em autos de fé expurgariam a sociedade de elementos nefastos, de gente melancólica, de poetas, de funcionários públicos e de todos os vermes que não vislumbram o Graal das tretas motivacionais, heil empreendedor diria um qualquer Adolfo, fora hoje renascido, curiosa a história que se reinventa repetitiva e desigual.
Eles andam por aí, claro que um dia a moda passa e os tipos acordam, e começam a perceber, que as pessoas, que a fantástica diversidade de modos de pensar, de apetências profissionais e de predisposições é que fazem a verdadeira riqueza de um país, pensem só no que seria, um país sem poetas, sem escritores, sem actores, sem filósofos, sem pintores, sem cineastas, enfim sem gente que sonhe!

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

1 comentário:

Sofia Melo disse...

Olá, Barão!! Quanto tempo!
Bem haja, que ainda cá está. Como sempre, de escrita acutilante em riste, excelente observação. É sobre aquele parolo do empreendorismo de plateia que agora anda sempre na TV, certo?

Cumprimentos, até breve!
(ex.bluerussian, do hotfudge)