Estava para aqui a
ler umas pasquices sobre o politequedo luso dos finais do século XIX, e mesmo
com aquele rotativismo imbecil, existiam deputados que se odiavam profundamente
ao ponto de se esgadanharem à bengalada numa qualquer rua entre o Terreiro do
Paço e o Rossio, coisa que hoje não se usa, infelizmente!
Os políticos de hoje
não odeiam, pelo menos publicamente, aliás o politicamente correcto, essa novel
ditadura da imbecilidade globalizada, proíbe que o ser humano odeie, mas como
se poder proibir uma coisa tão humana como o ódio, mas o facto é que odiamos o
ódio. Exultamos o amor, o amar e o ser bonzinho, ad nauseam, mas não suportamos
o ódio, mas como poderá amar quem não odeia?
Enfim, tentamos ser
uma sociedade asséptica, com políticos que não odeiam, com guerras limpas,
chocamo-nos hipocritamente com massacres e torturas, sem reconhecermos, que é
isso que intrinsecamente somos, tentamos afinal não ser humanos, tentamos negar
a nossa humanidade, porque afinal odiar também é ser humano, e esta coisa de
negarmos uma parte daquilo que somos só pode levar a um mau caminho, fica a
emenda pior que o soneto como sói dizer-se.
Há milénios que as
religiões, tentam controlar e erradicar o ódio, com o sucesso que se conhece,
milhões de almas torturadas massacradas por ódios religiosos prova o insucesso
dessas tentativas, por isso o nosso tão odioso asco ao ódio, produto de uma
matriz cultural e religiosa que faz a elegia ao ódio precisamente por o negar.
Os políticos de hoje
não odeiam, pelo menos publicamente, logo desumanizados, estão cada vez mais
longe daqueles que os elegem, logo não sabem o que sofre uma pessoa, logo
legislam mal e governam ainda pior, logo são os principais alvos do ódio do
povo, essa massa genuína de ódio, que ama e odeia com a paixão de um Narciso, o
povo gosta de odiar, o politico odeia odiar, a sociedade pune o ódio, cultiva
antes o amor, que de tão artificial cria ódios de morte difíceis de ultrapassar,
cerceados dos seus ódios, os cidadãos cada vez mais individualizados no seu âmago,
canalizam para os políticos os seus ódios, as mitologias criam e justificam o
ódio ao politico, traidor que entregou a pátria, que cuspiu n a bandeira ou que
limpou o cu à letra do hino, o pobre do político, alfa e ómega do zénite da
inultrapassável crendice labrega da sociedade é o ódio de todos nós a turba
assassina e assustadora.
Desumanizado o
político não odeia, logo ele que é tão odiado, não odeia. Ora com mil dianhos
infernais que sociedade esta, que tola e miseranda sociedade que denega tão
humanais humores. Não leia isto como um elogio ao ódio, mas antes como uma ode
à estupidez humana, que de tanto bem-querer se nega a si própria, até porque um
dia, talvez, se negará o amor e claramente sem odiar e sem amar, que restará a
esta humidade?
Um abraço deste
vosso amigo
Barão da Tróia
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