segunda-feira, novembro 05, 2012

Constituição. Revisão, sim ou não?



Há muito que advogo uma revisão constitucional, há muito que acredito que é urgente modificar uma constituição, que instiga um modelo anacrónico e despesista de governação, um modelo político que premeia os mentecaptos, os compadrios e a corrupção, não que outros modelos não o possam também fazer, mas este, mais que está provado que não serve, que está esgotado e que foi em grande parte um dos motivos da nossa actual miserável situação.
No entanto suspeito profundamente das propostas de revisão de Coelho, antevejo as nefastas consequências de um revisionismo puramente ideológico imposto por uma agenda nebulosa que as hostes da extrema-direita tentam desde 1974 enfiar pelo gorgomilo da republica, mesmo Sá Carneiro, nunca se dispôs a destruir uma constituição que se preocupou com as pessoas, antes à sua maneira a defendeu, apesar, de a mesma claro está, ter sido gradualmente esquecida, sendo hoje apenas uma espécie de “vaca sagrada” deste país de loucos.
Este país precisa de discutir o semi-presidencialismo, ou o parlamentarismo, precisa de extinguir as figuras de estado decorativas, que nos custam milhões de Euros, sem absolutamente nenhum préstimo, este país precisa de discutir o vergonhoso modelo de Hondt, modelo que distorce completamente a participação democrática, este país precisa de discutir com seriedade os círculos uninominais, a redução de deputados e tudo isso passa pela revisão urgente da Constituição, estes sim são os grandes problemas da lei fundamental deste país, que já deveriam ter sido discutidos e depois de alvo de cuidada reflexão resolvidos, e não o “tendencialmente gratuito” que tanta urticária provoca às direitas ultramontanas e anacrónicas, que se deveriam estará bater por um mundo melhor e não por uma agenda ideológica neo liberal que nos levará ainda mais à ruína.
Se estiverem atentos, aos países que são referências de desenvolvimento humano, de liberdade, de cidadania e de qualidade de vida, verão que são países onde se cuidam realmente das pessoas, porque sem pessoas não existem países, sem pessoas, retrocederemos à barbárie, ao contrário de Vasco Lourenço, esse anacrónico produto do PREC, não acredito que venham aí guerras que reeditem os conflitos de antanho em solo europeu, mas também ao contrário de Vasco Pulido Valente, essa luminária neoliberalista, acredito que a Europa caminha para conflitos sociais graves, que mais graves serão se o projecto europeu falir, se Europa não se refundar e não for, una, solidária e realmente europeia.
Veremos o que isto vai produzir, sendo que com a actual, miseranda qualidade dos políticos que abundam pelos corredores esconsos e bafientos do poder, temo bem que estejamos condenados a soçobrar, porque não me parece, que nem Coelho nem Seguro, sejam gente o suficiente corajosa para enfrentar realmente a situação conforme ela deve ser enfrentada, libertos ambos de peias ideológicas e de impulsos reformista demagógicos, urge uma revisão constitucional que nos traga para o Século XXI, duvido é que exista gente capaz de o conseguir, infelizmente!

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia  

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