quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Que parva que sou!

Que parva que sou! Este tema dos Deolinda, arrisca-se a ficar como hino da geração do desencanto profundo, pelo menos, a música portuguesa contínua de quando em vez a brindar-nos com os encantos da intervenção, da preocupação social e da pura crítica social tão importante para abrir os olhos à malta.
Li num artigo de opinião que o tema talvez seja um exagero, tal como exagero, ainda segundo o mesmo artigo do JN, seja a opinião de Mariano Gago ao declarar que a música é incentivo ao abandono escolar e ao desprezar e desvalorizar a formação académica, isto num país que tem como heróis máximos os empurra bolas regiamente pagos e uns parolos que aparecem no ecrã televisioneiro em programelhos de oitava categoria.
A ênfase é dada aos jovens, a quem já se chamou mil euristas, geração X e mais não sei quantos epítetos mais ou menos parvos, se exageram ou não? Talvez, hiperbolizem uma situação cada vez mais aguda, do que vejo, percepção de um labrego de província, é que isto tudo falhou, e falhou porque desde 1986, ninguém se preocupou em realmente fazer nascer algo vagamente parecido com uma economia, farto-me de rir, quando oiço alguém pomposamente falar na «economia portuguesa», mas qual economia qual carapuça, Portugal lá tem economia!
Dos mais novos que eu, vejo os que optaram pelos técnico profissionais, entalados sem emprego obrigados a trabalhar por ordenados de miséria, os outros, os licenciados andam aí a saltar de estágio em estágio, migrando para Lisboa, para o Porto, para o estrangeiro, porque por aqui não arranjam nada. Só se safaram os que tiveram um golpe de sorte ou que são filhos, afilhados, primos ou tenham alguma boa relação com os poderosos.
Posso contar-vos a minha experiência, tenho a esta hora 41 anos e 4 meses, trabalho desde os 17, e nunca tive um contrato de trabalho estável, já passei por todo o tipo de contratos de trabalho, até sem contrato, sou licenciado, tenho um curso profissional, estou num mestrado, mais por carolice que por reais benefícios, falo e escrevo 5 línguas e já fiz um pouco de tudo, ganho muito menos de 1000 Euros! Que parvo que eu sou!

Um abraço deste vosso amigo
Barão da Tróia

1 comentário:

Anónimo disse...

"...sou licenciado, tenho um curso profissional, estou num mestrado, mais por carolice que por reais benefícios, falo e escrevo 5 línguas e já fiz um pouco de tudo, ganho muito menos de 1000 Euros! Que parvo que eu sou!"
Se fosses filho do Sampaio ou de outro da máfia, não precisavas ter nada disso, há muito que tinhas começado por ser assessor!
Isto já não vai com votos!