terça-feira, maio 20, 2008

A Farsa

O nosso Parlamento é useiro e vezeiro em discussões estéreis, em questiúnculas ridículas e displicentes que bem mostram a indigência franciscana que navega aqueles corredores, se é ali que vegetam as nossas elites, valha-nos São Ambrósio Pancrácio, bem se percebe porque vivemos num país tão miseravelmente estulto.

No entanto os nossos ilustríssimos deputados, não contentes com a quase nula produtividade paga a oiro, volta e meia, lá desencantam um trunfo da manga para fazer rir o pagode e qual herdeiros contemporâneos do velho Vicente, esse venerando pai da arte teatral de antanho, lá nos surpreendem como uma encenação de prodigalidade parlamentar, umas vezes uma comédia, as mais das vezes diga-se de passagem, outras vezes uma tragédia e de quando em vez, por demasiadas vezes, uma farsa!

E farsa é o que poderemos chamar ao voto de pesar, que a bancada do partido do táxi resolveu promover, diligentemente acolitado pelos tragalhadanças do PPD, com uma sempre honrosa quase tanto como vergonhosa abstenção do PS, e claro o voto contra dos comunas e dos trauliteiros de Esquerda.

Espanta-me que a uns crucifiquem e a outros glorifiquem, as FP-25 são o demo, mas curiosamente do MDLP, ninguém fala, ninguém fala dos fachos sacristas e bombistas que fizeram parte desse arroubo, pseudo anti comunista, que mais que isso era uma tentativa de refascizar a plebe e a Nação.

Espanta-me que gente aparentemente dotada de inteligência, facto que cada vez mais coloco em causa, perca tempo com imbecilidades como levar à Assembleia da República, votos de pesar de gente que em vida mais não foram do que tropeços a tudo o que essa assembleia parece ainda representar em termos de democracia e pluralidade, mais, enoja-me que gente dessa seja de alguma forma homenageada e enoja-me que exista gente que o queira fazer.

Um dia quando falecerem figuras como Otelo, e outros de género, sempre quero ver se os mesmos, também propõem votos de pesar, não que ache que se deva fazer, mas na minha simples opinião de campónio, entre um bombista fascista e um bombista democrata, do mal, o menos.

Uma última nota, um ilustre deputado do partideco do táxi, ilustrou a sua demanda recordando que o Cónego Melo «nunca foi condenado por nenhum tribunal». Eu estava em crer que o senhor deputado até fosse como a amêndoa e tivesse miolo, mas quer parecer-me que não, olhe meu amigo, Hitler, Estaline, Mao e Salazar, também nunca foram condenados em nenhum tribunal, isso na sua perspectiva deve fazer deles uns anjos.

Enquanto na Assembleia da República se sentar gente desta, estamos tramados, dificilmente se conseguirá levantar esta pobre Nação.

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia


3 comentários:

Anónimo disse...

A FARSA.
Explicou e bem a questão.
Mas hoje e nesta VIDA PORTUGUESA tudo é uma FARSA.
Basta verificar a questão dos combustiveis.
Ninguém se entende na maneira de SACAR cada vez mais algum ao ZÉ desgraçado que precisa de viatura.
Mas que se há-de fazer, se aos fins de semana passeia-se mostrando que o combustivel está barato.
E por mais que nos queixamos, os responsáveis fazem PIOR.
Teem a FACA e o QUEIJO na mão e o GOVERNO é o que se sabe O DEIXA ANDAR.
Sinceramente, tudo que venha daqueles SENHORES que aprovam num Parlamento é sinal de mau gosto.
Foi um PESAR danado aquele.
touaqui42

Anónimo disse...

O MDLP era a igreja ao bom estilo do Código Da Vinci ou do Banco Ambrosiano,mas muma versão portuguesa pensada e urdida nas catacumbas dos vastos salões de Fátima.
Quem teria assassinado o padre Max?É obvio que foi o braço armado da" Santa Madre",que tinha como comandante operacional o Cónego Melo,aliás este artista era capaz de saber como o Ferreira Torres foi assassinado, quando vinha de carro a caminho não se sabe de quê...
O livro Fátima,Subversão ou Envangelho que trata do processo do pároco de Macieira da Lixa no Tribunal Plenário do Porto,dá um cheirinho da parte escura,se é que existe alguma clara,do papel subversivo da Igreja em Portugal.

Do que sai da sanita que é a Assembleia da Républica,já nada me admira.

Um abraço

ruth ministro disse...

Caro Barão, li os últimos 3 posts e confesso que não li mais porque já estou com sono... :)

É verdadeiramente um prazer passar por este espaço e encontrar uma leitura sempre pertinente, coerente e crítica. Já nem preciso de dizer que assino por baixo, pois não? Apenas mudaria o formato de apresentação... Umas rimas aqui e ali e meia dúzia de metáforas e antíteses, para embelezar :)

Beijos e força nas palavras!