segunda-feira, março 24, 2008

Dá cá o telemóvel!

Quando vi as imagens da professora a tentar impor algum tipo de disciplina dentro de uma sala de aulas, recordei-me da minha primeira, única e felizmente breve passagem pelo sistema de ensino, onde me sucedeu um caso, quase em tudo semelhante excepto no desfecho, primeiro porque o meu metro e noventa dá muito jeito e depois porque os homens ainda impõem um poucochinho de respeito, bem alguns, porque havia colegas que coitados.

Porque é que algo assim acontece, e reparem, não numa escola de escumalha subsídio dependente de um qualquer bairro social, pejado de inúteis, não isto acontece numa escola de classe média com aspirações a benzecoca onde já existem muitos paizinhos a tratar os fedelhos por você, agora voltemos a perguntar porque é que isto acontece?

Os meandros da resposta são complexos, porque há que atender a muitas parcelas da equação, no entanto a resposta é simples e resume-se a uma palavra, estupidez. A estupidez tem feito maravilhas pelo sistema de ensino português, mas começemos pelos vários actores da tragédia, sim porque o ensino em Portugal assume já a grandeza de uma clássica tragédia.

O espaço físico escola, divide-se em duas classes as velharias, do tempo da outra senhora, mil vezes atamancadas para se prestarem aos tempos de hoje e as mais recentes, que adoptam na maioria dos casos que conheço os modelos nórdicos, a nossa mania quase obsessão nacional, ora umas e outras cumprem mal a função, as coisas parecem nunca ser feitas com regra e bom senso, resultando quase sempre num disparate grosso e ruinoso para o erário público.

Os alunos, os alunos, são crianças e adolescentes, que como quaisquer outros de todos os tempos, fazem asneiras e tropelias, hoje mais exarcebadas por causa do tipo de sociedade sem regras que temos.

Os pais e as suas inefáveis associações, sempre ansiosas de meterem o bedelho em tudo e mais alguma coisa, as mais das vezes sem perceberem sequer de educar os seus fedelhos, daí chegarem essas criatures às escolas enxertados em completos imbecis, birrentos, mal educados e burros que nem um alqueire de figueiras do inferno. Aos paizinhos solicita-se que eduquem, que ensinem os fedelhos a comportar-se como gente, qual quê. A maioria, como aliás ficou demonstrado nas imagens mostradas nas televisões nacionais, é uma corja de analfabrutos canhestros, que pouco mais consegue que grunhir e cuja capacidade intelectual roça a da ameba, o que dadas as circunstâncias é fantástico.

Os professores, são os hérois/vilões desta história, se é verdade que assistiram impávidos e serenos à ruína do sistema de ensino, só se manifestando finalmente quando lhes começaram a meter o dedo no esfíngter e ainda assim divididos, porque na escola ao contrário do que pareceu na manifestação, não existe união, começa logo com as lutas de capelinhas, entre os vários graus de ensino, onde cada um se julga melhor que o outro, não existindo sequer uma réstia de coordenação de entrosamento e fio condutor, o que me quer parecer também explica muito do actual estado do ensino, para além disso dentro da classe existem os intocáveis, os que têm grandes padrinhos, depois uma diferença entre os mais velhos, e os mais novos, agora a inda mais exacerbada com a divisão entre titulares e não sei o quê. Depois ainda há a ter em conta a quantidade de inúteis que vegeta pelo sistema de ensino, que tiraram o lugar a gente que ensina por gosto.

Os auxiliares de acção educativa, são outro problema desta equação, que formação tem esta gente? Que formação é obrigada a fazer? São obrigados a fazer portefolios e a cumprir milhentos programas e directivas, não? Não! Porquê? Não são essas pessoas porventura, actores indispensáveis do acto de ensinar? O dianho disto é que para auxiliar vão as senhoras enviadas pelo Centro de Emprego, há e tal como não há mais para fazer vão tomar conta dos miúdos, ora para saber tomar conta dos miúdos existem pessoas que estudaram anos a fio, então como é, estas caramelas aterram ali só porque têm amigos nos sítios certos? E esperem até as escolas passarem em definitivo para as câmaras municipais, para o disparate ainda ser maior.

Os programas escolares são coisas inenarráveis, para além de mudarem todos os anos, para além de serem o repositório de uma cretinice a toda a prova, raramente servem para alguma coisa, tenham como exemplo as actuais orientações curriculares, programas, portefólios e demais imbecilidades que se chegarem a ensinar a alguém a contar até cinco já terão realizado um grande feito, muitas vezes me pus a pensar quem seriam as doutas e iluminadas mentes que produzem tais prodígios de imbecilidade, só podem ser mentes retorcidas e completamente avessas ao que significa ensinar.

Corolário desta já longa lista, temos os senhores governantes, ministros da educação, que recordo agora não existir um nos últimos 30 anos com qualidade, os grandes destruidores do sistema de ensino foram os políticos, os senhores que tendo a responsabilidade de zelar para que a educação fosse a preocupação primeira deste país de analfabetos, fizeram precisamente o contrário, mesmo como agora, quando parece que querem fazer algo, a preocupação é meramente estatística, a ruína do sistema de ensino parece advir de gente com funções políticas e governativas, que das duas três, ou é completamente estúpida ou então é terrívelmente falha em competência, porque só assim se explica o estado miserável a que isto tudo chegou, olhem o programa “Novas Oportunidades” é disso um excelente exemplo.

Tudo isto junto no caldeiro e temos uma bela alhada, da qual nunca sairemos enquanto não existirem governantes com qualidade e gente com coragem para assumir que de uma vez por todas as pessoas não podem se reduzidas a números, pela insofismável certeza de que os números também se enganam.


Um abraço deste vosso amigo

Barão da Tróia

9 comentários:

Anónimo disse...

Tem razão, mas que muitos pais merecem umas boas lambadas, lá isso merecem.

Anónimo disse...

Pelo video, que mostrou e bem a qualidade do ensino que por ai vai, as coisas na EDUCAÇÃO estão mesmo pela hora da MORTE.
E agora a mesma aluna tem receio pelo seu FUTURO, giro á brava.
Devia ser proibido os telemoveis na salas de estudo.
touaqui42

Rosario Andrade disse...

O papel da escola e dos professores é instruir. Educar é papel de quem faz os filhos. Este episódio e muitos dos problemas da escola devem-se à má educação (ou falta dela) que os pais administram. A vergonha devia ser deles...

Beijicos

Diabólica disse...

É de tal forma vergonhoso, que nem tenho palavras.

Beijos

Anónimo disse...

Porque é que este Desgoverno em vez de mandar tropas para a Bósnia,não envia para cada escola um batalhão dos GOES ou dos Comandos?
Alguns dos pais que vão cagar postas de pescada para as escolas,deviam antes de mais educar os bacorinhos que têm lá em casa.Isto no caso de saberem o que é Educação.

Anónimo disse...

Bom dia Sr. Barão, realmente as imagens que vimos são de uma realidade que pode até chocar, mas só choca a quem não acompanha o percurso escolar dos filhos.
Primeiramente a responsabilidade de educar é dos pais, mas quando ainda se encontram no dominio dos Pais e deviam ser educados eles abandonam-nos a mercê deles e da aprendizagem das playstation e dos infantários e depois admiram-se do que lhes pode acontecer ou fazer?
Um filho educado não provoca este tipo de comportamentos, nem dá hipotese, devido a sua educação, a que eles se porpocionem.
É triste mas real o que vimos, educar custa TEMPO e não só dinheiro.

A Sonhadora disse...

Com toda a conversa feita á volta deste assunto,para mim, só tem uma explicação...falta de educação em casa, pois é em nossas casas, que se educam os filhos...
Passar a batata quente para este ou aquele...é só querer sacudir a água do capote e não tomar consciência, que não estamos a educar bem os nossos filhos...
Um beijo

Anónimo disse...

Este filme está a criar um filme à volta desta história!
Pimeiro começamos por ver ver uma miúda histérica à bulha com a professora? à bulha? Que a miúda é malcriada estamos todos de acordo. Mas, desculpem lá, não lembra ao careca uma professora por-se numa situação destas. Nós pais podemos, numa situação de imposição tirar uma coisa a um filho e ele que se livre de se voltar contra nós. Leva logo um TABEFE de ricochete, um castigo (ele depende nós, não é). Mas os professores sabem que não podem dar um tabefe. Logo têm que dizer à aluna para dar o telemóvel e se ela não der nunca vão tirá-lo à força. É loucura. Põe-se a miúda na rua, chama-se o continuo e em ultima instância sai-se da aula e participa-se. Ao andar à bulha com a aluna a professora ao ao nível dela. E admiram-se que os outros riam? Já se esqueceram como eram quando tinha 15 anos? Eu nunca vi uma cena de pancada nas minhas aulas mas,se tivesse visto garanto que também me tinha rido. Quem é que morre de amores pelos professores quando tem 15 anos? Tem-se é respeito e medo do castigo, medo de se levar má nota.

Quando era pequena e havia cenas de pancada em minha casa (eramos muitos) a minha mãe castigava sempre os dois. Irritantemente (diga-se) mas com razão, dizia sempre "um começou e o outro continuou"

antónio paiva disse...

caro barão,

educadamente deixo-te;

Um abraço