segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Por um Ensino mesmo Especial!

Para quem não sabe, o ensino especial cá na terra foi sempre mau. Foi sempre uma boa desculpa para andar a laurear a pevide sem fazer ponta de corno, fingindo que se trabalhava muito, depois verdade seja dita houve a coragem de acabar com essa mordomia, mas logo de seguida assassina-se o ensino especial, caramba, diabos me carreguem se percebo esta gentinha.

Até há uns anos ia para o ensino especial dois tipos de pessoas, o primeiro tipo era o dos samaritanos, gente que adorava aquilo que fazia, que se empenhava com seriedade no ensino dos miúdos portadores das mais variadas deficiências, infelizmente este primeiro tipo era muito escasso, o mais que abundava no ensino especial era o segundo tipo, o dos oportunistas, esta rapaziada ia para o ensino especial somente porque tinham sempre colocação e ficavam praticamente em casa, mandavam às malvas os miúdos e arranjavam todas as desculpas e mais algumas para andarem no laréu.

Quando falamos de ensino especial, não falamos só de cegos, surdos-mudos, das trissomias, dos amputados, das paralisias, não; falamos também do grande espectro das dislexias, dos comportamentos de risco, dos défices de atenção, da hiperactividade, dos atrasos mentais e da multi-deficiência profunda. Quando falamos de ensino especial, lá vem à baila a questão da inclusão, coisa que deve confessar abomino, mas enfim é uma palhaçada dos tempos modernos, que nos enfiam pela goela com a confiada justificação de que assim é que é bonito, e tadinhos dos deficientezinhos já estão na sala de aulas com os outros, uma parvoíce pura e simples.

Mas falemos do novo ensino especial, proposto pelo actual ministério. Imaginem, que numa sala com 24 miúdos normais, existe um multi-deficiente, imaginem que essa sala só tem um professor e um auxiliar, isto na pré, porque em graus mais avançados desta coisa que vão chamando ensino só têm o professor, imaginem-se dentro dessa sala, a tentar dar umas aula, percebem pelo cheiro que o miúdo com deficiência fez chichi ou pior, como é que fazem?

Chamam a auxiliar, saem da sala, instala-se o caos, para a aula, o pico de concentração já se perdeu, retomam depois uma e outra vez, sempre até ao vosso esgotamento, imaginem que na vossa sala existe um deficiente com um atraso mental, não muito profundo, mas o suficiente, para necessitar de um maior acompanhamento, como reagem os outros miúdos? E se esse miúdo for alvo de abuso, se lhe despirem as calças na casa de banho e lhe baterem nos genitais, se lhe cortarem o cabelo com um x-acto, se enfim o miúdo for alvo deste tipo de coisas como é, quem lhe dá apoio, você não é psicóloga é só professora, e terapia da fala quem dá? O professor, como, este é um tipo de trabalho moroso e muito exigente, quem ensina os restantes miúdos?

Poderia continuar e falar de milhentas outras situações, que só tornariam ainda pior o que aí vem, a alteração do ensino especial, para uma coisa completamente híbrida e sem lógica absolutamente nenhuma, é tão atroz que faz pensar, que raio de gente manda neste ministério, a cegueira economicista é tão grande, que se vão destruir de uma penada coisas que funcionam muito bem e deveriam ser o exemplo do ensino público.

Nem a propósito, há tempo esteve aqui um amigo que é professor do ensino especial na Suécia, pois lá vai ele buscar exemplos desses, ó Barão devia era mostrar exemplos mais edificantes como os do Burundi ou do Gana, esses sim, bem mais próximos de nós! – Pois, mas resolvi ilustrar este da Suécia, então leiam e chorem, as turmas são pequenas, até 18 alunos, se existe um aluno ou dois com necessidade educativas especiais, cada um deles tem um professor atribuído, que na sala vais trabalhando com o miúdo, dentro das suas possibilidades cognitivas. Cá um pobre miúdo que tenha problemas na fala, tem terapia uma vez por semana, aí uma horita e já vai com sorte. Qual é a diferença, simples, na Suécia preocupam-se com as pessoas, cá fingem que se preocupam, cá esta cáfila de indigentes cerebrais que ocupa os cargos do poder tratar em primeiro lugar de encharcar a pança em comezainas e borracheiras, depois em forrar a nota de conto os alforges e por em salvo a família e os amigos, só depois e após ter engordado também alguns parasitas que por aí vegetam sempre agarrados ao canelo das elites é que os senhores importantes se lembram dos desgraçados que lhes pagam os impostos. Que vergonha sinto desta gentalha, a quem estas maiorias de igual gentalha dá as rédeas do poder, num embuste a que curiosamente insistimos em chamar democracia!

Um abraço, deste vosso amigo

Barão da Tróia

7 comentários:

Anónimo disse...

Problemas e mais problemas meu caro Barão. E quem os deviam resolver ou pelo menos minorar, parece que gosta mais de os aumentar.

Melhores dias virão

Unknown disse...

Bem vistas as coisas, ainda bem que na Ilha onde lecciono não se embarcou na reforma do "Continente".
Por aqui não há razão de queixa nesse aspecto!
Trabalhei durante os três anos lectivos passados com turmas com alunos com Necessidades Educativas Especiais, é certo que em determinadas disciplinas é difícil trabalhar com estes alunos em grande grupo, como tal aqui os alunos têm as Areas Curriculares não Disciplinares em conjunto com a sua turma e nas disciplinas de Matemática têm uma "mini-turma" (máximo 5 alunos), o mesmo acontece em Língua Portuguesa, Inglês e Ciências Naturais.Têm ainda no seu horário algumas horascom uma professora do Ensino Especial.
É claro que falo no 3º Ciclo, não sei como se processa no 1º Ciclo mas penso que será de igual modo...

Diabólica disse...

Tudo o que me disses-te é mais uma vez a vergonha do nosso país, e de determinados seres humanos, se é que assim lhe pudemos chamar.

Veio mesmo a calhar por isso:

Gostava de te convidar a ires ao meu cantinho, para comentares um texto de mais um cidadão que já está farto destes nossos governantes, do nosso Estado.

Enfim, digno de ser lido!

Å®t Øf £övë disse...

Barão,
Depois de ler este teu texto, e porque conheço escolas em que este tipo de situações existem, só posso dizer que estou plenamente de acordo com tudo o que dizes, e que relatas situações que são completamente reais e verdadeiras, que ainda acontecem neste país que se diz desenvolvido.
No meio de todo este drama, eu pergunto: Onde ficam as pessoas enquanto seres humanos?
Abraço.

Anónimo disse...

Continuamos e continuaremos , a klms e klms de distância das Suécias:em tudo.

Francis disse...

He, he. Nem de propósito!
Estamos em sintonia.

É o que digo; mais vale fechar a porta desta m... e entregar as chaves à União Europeia.

Templo do Giraldo disse...

http://templodogiraldo.blogspot.com/


Passem por aqui.

SAUDAçÔES.