segunda-feira, outubro 09, 2006

Se pudesse deixava já de ser Professora! *

Frase lapidar do estado de ânimo nas hostes docentes. Não raras vezes, escrevi acerca da profissão professor, que creio deva ser encarada como uma espécie de sacerdócio, infelizmente não é. Infelizmente ser professor nos dias que correm é triste, é miserável e pouco aliciante.
Generalizando não conheço nenhuma outra profissão em que as incertezas são mais que as certezas, em que se trate tão mal quem trabalha e cuida do ensino das futuras gerações. Claro que muito do que acontece hoje é fruto, do regabofe que durante anos a fio se instalou no ensino, abusos de toda a ordem e por aí adiante. Claro que como classe a classe profissional dos Professores deixa muito a desejar, há uma corja elitista de nariz emproado, presente em todas as escolas que é um nojo, que tem muitas culpas no cartório, do regabofe anterior e que pela mera questão de possuir mais tempo de serviço vai sair beneficiada, com estas novas alterações.
Continuo a dizer que 50% dos que dão aulas, não prestam nem são competentes para o fazer, daí também a degradação do ensino. No entanto, as broncas e barracadas politiqueiras são de longe, quem reserva a maior fatia de culpabilidade pelo actual estado do ensino. As novas medidas do Ministério são, de uma estupidez a toda a prova, professores titulares e professores não sei das quantas, uma cretinice pegada, que se destina somente a impedir as pessoas de progredirem na carreira com os consequentes aumentos, é uma vergonha.
Se o Ministério realmente se preocupasse com a qualidade dos professores, faria rever os cursos que os formam e que são uma palhaçada, bem com a dita profissionalização que é outra palhaçada, se o Ministério tivesse a mínima noção do que anda a fazer, iria rever os moldes de concurso para docentes, não fecharias escolas, antes abriria mais, com condições, não como muitas das actuais funcionam.
O Concurso deste ano lectivo foi mais uma vergonha, colocações fraudulentas, horários guardados para os amigos, professores contratados à frente de professores dos quadros, listas desaparecidas, enfim um grande rol de imbecilidades que só foram esquecidas porque o ministério soltou a suprema bomba da cavalidade com a proposta para as alterações ao Estatuto da Carreira Docente.
Ser Professor devia vincular o docente à intuição da sacralidade da sua actividade, longe disso, é hoje uma profissão desacreditada, muita culpa aos docentes, uma profissão sem futuro e miseravelmente paga, no meio disto tudo, uma certeza podemos ter, com os Docentes neste estado, a Educação em Portugal continuará a ser miserável, o insucesso continuará a grassar nas escolas, por mais projectos imbecilóides que se façam, hipotecando assim as futuras gerações, os nossos filhos serão uns imbecis.

* Título de um artigo do Público.

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

24 comentários:

eu mesma! disse...

Desta vez sou a primeira e não concordo contigo. Na realidade a classe dos professores deixa muito a desejar se comparados com outros trabalhadores da administração pública. Sabias que com uns anos de serviço,alguns só têm 10 horas semanais e recebem por completo? que outra profissão tem esse tipo de regalias e não me digam que os coitadinhos têm muito trabalho suplementar a preparar as lições, pois muitos outros, de outras profissões da A.P.também levam trabalho para casa e não é por isso que vêm o número de horas semanais diminuídas. O Estado não é obrigado a dar-lhes emprego, podem procurar outra ocupação se não estão contentes, mas o que é certo é que muitos deles foram para professores porque não conseguiram outra coisa!

125_azul disse...

Esta situação é tão pescadinha de rabo na boca que acabará como a própria: todos fritos, a começar pelos nossos filhos! Beijinhos, boa semana

Anónimo disse...

O ser professor/a neste país hoje tem os seus riscos, já nada éh de definitivo.
Por vezes tenta-se olha de outro modo para essa profissão, o que aliás e posso garantir que á cerca de 55 anos ela era olháda de outra maneira, eu como aluno posso garantir que levei com a caninha nas orelas assim como umas reguadazistas nas mãos, mas tinha-se um respeito pelos professores que hoje não se tem e ai de mim que fosse fazer queixas aos meus pais que a professora me tinha dádo com a cana, leváva logo um tabefe, queixinhas não, aprender sim.touaqui

Anónimo disse...

É certamente uma profissão difícil, mas não exageremos.
Os dezenas de milhares de candidatos que querem aceder à profissão e que ficam de fora comprovam que é uma profissão atractiva.
E o facto de haver poucas "desistências" também...
O Ministério está a equilibrar as coisas.
Está a limar excessos e (é verdade) limitar e reduzir expectativas futuras aos docentes.
Ao se atingir uma relação ideal entre a procura e a oferta (de profissionais) estaremos bem.
E aí, não sendo tão atractiva (a profissão) ficarão os melhores e os que a assumem por "dentro" e por vocação.
Serão promovidos os melhores (sistema proposto no novo ECD). Ou não serão promovidos os menos produtivos (o que era muito mais simples de apurar).

Anónimo disse...

... muitas vezes se disse e ainda se diz ... quem não sabe fazer mais nada vai para prosfessor ..é assim que muitos formados em engenharia, sociologia e outras "disciplinas" que não tendo trabalho nas suas áreas se dedicam ao ensino ... não culpo os professores ...mas o sistema que formou professores à pasada e que agora se vê com o menino nos braços... aliás mais um sector em que não teve em conta a quantiadade de pessoas necessárias para o execicio da catividade e não venham os prrofessores exigir turmas menores como justificação para um melhor ensino ... eu tive os meus primeiros quatro anos de escolaridade numa escola em que estavamos os alunos de 4 classes distintas (cerca de 40 alunos) perante a mesma professora e quando ingressei no 5º ano de escolaridade era um dos que melhor estava preparado...
FORÇ'AÍ!
js de http://politicatsf.blogs.sapo.pt
(obrigado por mais um comentário na cidadela dos incultos ... efectivamente os jornalistas também têm que obedecer a certas "regras" para manter o seu emprego)

Andreia disse...

Eu concordo, quem é que quer ser professor e ter aqueles trabalho todo com a instabilidade que o governo dá? SIm, porque ser professor não é chegar lá e dar umas aulitas, há muito trabalho por trás disso! Reuniões, direcções de turma, etc etc...

Eu siceramente depois de acabar o meu estágio não estou com esperanças que voltar a dar aulas. Quero é arranjar alguma coisa que valha a pena. Mesmo lá na escola todos os colegas estão desagradados e também já ouvi uma professora dizer que das que acabaram o curso ela foi a unica a seguir o ensino e é a que recebe pior, a que tem menos regalias, a que tem mais instabilidade...

Enfim, é o governos que temos e que não vai dar a lado nenhum!

de Matos disse...

É sem duvida o tema de 2006 e deste governo, uma coisa eu digo, esta-se a mexer numa area que nunca foi tida muito em conta, e agora que ha professores a mais é que se lembram de fazer alguma coisa...e o que fazem eles? se ha a mais temos que os deitar a baixo... o pior é que em vez de retirarem os maus, nao, retiram os que realmente estao ali para ensinar...
enfim, vamos ver o que isto vai dar...

abraço e boa semana :)

Mixikó disse...

o nosso País está mergulhado no caos...essa é que é...
Quanto aos professores, conheço tantos profissionais competentes no desemprego e outros f....%&$%#$%#% que não sabem o que andam a fazer nas escolas.
um beijo

Prof disse...

Olá Barão! No teu jeito acutilante e perspicaz tocaste em algumas questões importantes. É verdade que se muitas pessoas têm uma má imagem dos professores (basta ver o comentário da Eu mesma!), parte da culpa é de nós próprios. É verdade que há uma elite instalada nas escolas que pouco faz, mas também há muitos professores que dão tudo em prol da sua escola e dos seus alunos sacrificando os seus tempos livres a que têm direito como qualquer outro trabalhador. Para informação da Eu mesma! não temos horário semanal reduzido: temos de permanecer na escola 35 horas semanais. Alguns de nós, como estamos longe de casa, permanecemos na escola mais de 40 horas semanais, à espera do turno seguinte que bem pode ser à noite. Não é também pelo facto de não estarmos contentes que vamos deixar de fazer aquilo que, para muitos de nós, é uma vocação e um prazer. Entristece-me ver todos os professores tomados pela mesma bitola. Temos uma profissão com todas as suas virtualidades, como têm todas as profissões. Não vou entrar aqui em comparações, porque considero que não fazem sentido. A mim não me custa enfrentar uma turma de 30 alunos, mas, se calhar, custar-me-ia ser secretária de um empresário trombudo. É tudo muito relativo mas estabelecermos comparações descontextualizadas.
Boa semana Barão!

Caroline disse...

tantos que deviam estar colocados e não estão... e outros...
O "posto" não devia ser a antiguidade... mas a competência!

Beijinhos escolares

Anónimo disse...

Eu não sou muito velha apenas tenho 21 anos mas no tempo em k andava na escola teriamos k ter respeito com os professores, porqu se não eramos castigados. Agora se um professor fala mais alto ou se repreende um aluno, o aluno é a "vitima", k educação ker a ministra para o fututo?! de xegar ao cumulo de os pais avaliarem os professores, alguns pais n kerem saber o k os filhos fazem na escola kanto mais avaliar os professores, em vez de melhorarmos estamos a piorar não é esta educação k kero para os meus filhos...

Anónimo disse...

Em todas as profissões há bons e maus profissionais e entre os professores não será, por certo, diferente.
Concordo que há muitos professores incompetentes e isso, para além de, só por si, já ser muito mau, tem ainda a agravante de desmotivar os competentes que o sistema julga de modo idêntico. Para quê preocupar-se se o colega que não se preocupa ganha o mesmo...
Em todo o caso, depois de ter lido alguns comentários, mais ou menos idiotas, acho que se estivesse agora em principio de carreira preferia ser o que sempre fui: trabalhador da indústria, porque a toda a confusão lançada sobre a profissão de professor vem juntar-se a ingratidão daqueles que descartam, literalmente, para a competência do professor a falta de educação com que, em casa, criam os "bacorinhos". Educação só pode dar quem recebeu!

Leonor disse...

barao. dizes muitas coisas verdadeiras e como professora eu assino em baixo. quantas vezes me revolto na escola com a a titude de certas colegas que se dizem profissionais. mas olha... sem querer puxar a brasa á minha sardinha... eu tento fazer sempre o melhor que posso. por vezes falho neste ou naquele objectivo, mas emendo e aprendo.

abraço da leonoreta

Anónimo disse...

Bah! Não gosto da escola. só me fizeram fazer cópias! E tabuadas.
Eu gosto mesmo é de pescar à mão e à noite ver as estrelas no céu.

Beijinho da Marujinha

Nunovsky disse...

Só digo 2 coisas: coitado de quem é professor e pobre estado mental o de quem quer ser professor!

Abraço

Teresa Durães disse...

hum....

porque não começam com uma limpeza no Ensino Superior? ahahahah

Quem se ria era eu!!!!

Deixem o secundário em paz que está mais do que provado (e estudado) que não por causa dos professores.

Isso é uma campanha economicista!!

Boa noite

Teresa Durães disse...

e lá vem a administração pública^à baila....


meninos e meninas, somos todos portugueses, é tudo igual em todo o lado. assim o afirma quem está no privado e conhece a administração pública!

Casemiro dos Plásticos disse...

ah barão isto só la vai com lixivia!
abraço

Francis disse...

Penso due a maioria dos professores é competente e abnegada. No entanto, basta uma mancha para sujar todo o lençol.
Uma coisa que não posso deixar de reparar é que neste país se passou do 80 para o 8. Antigamente, os professores do regime do professor Oliveirinha podiam bater por tudo e por nada. hoje até têm de escolher cuidadosamente as palavras que dizem ao aluno sob pena dos pais os acusarem de atrocidades psiquicas. É como os Policias, do estado de graça em que se podia mandar pau por tudo e por nada, passou-se do Estado em que os próprios Policias é que vão a tribunal por tentar aplicar a Lei.
O Português como cidadão esquece-se insistentemente de que não só tem Direitos mas também DEVERES!
Epá, nunca tinha escrito tanto!
Um abraço!

Alien David Sousa disse...

Só tenho a acrescentar que os policias e bombeiros deixaram de ser profissões de risco neste país dando lugar aos professores.

Saudações alienígenas meu caro barão

saltapocinhas disse...

Não concordo com a tua metade de professores incompetentes: claro que os há, mas não são metade!
Depois há por aí uns comentários idiotas, de gente que faz comparações que não se podem fazer... Não se pode perguntar a alguém "preferes jantar ou dormir?" As 2 coisas complementam-se, não se comparam!!
Mas para quem diz que os professores trabalham pouco, dou o exemplo do meu horário de hoje: antes das 9 estava na escola. Vim num instante almoçar a casa (moro perto). O meu horário "oficial" de saída é às 15:15, mas desde que o ano começou nunca consegui sair antes das 17. Por volta das 17 dirigi-me a casa duma colega para fazermos um trabalho que durou até às 19:30!
N próxima 4ª tenho reunião de pais às 18 horas, nem devo vir a casa porque nesse dia saio às 17. Na quinta tenho aulas, depois uma reunião que deve durar até às 19, mas entretanto tenho formação das 18:30 às 21:30.
Na sexta saio às 15:15 mas depois tenho uma aula (destas novas inventadas pela ministra) das 16:30 às 17:30, hora a que finalmente virei para casa. Isto tudo numa escola sem condições: não há bar, não há sala de professores e a escola está sempre repleta de crianças naturalmente barulhentas.
Quem inveja este horário??
Mas estou nesta profissão porque gosto, não foi por não ter mais nenhum emprego: podia ter tirado outro curso qualquer, mas preferi este!

vinte e dois disse...

Barão, não me vou esticar muito pq depois de alguns comentários que li aqui, não estou para me chatear com algumas pessoas que nitidamente não sabem o que dizem.
Só queria que essas pessoas, que acham que a profissão de professor é uma das 7 maravilhas do mundo, tentassem dar aulas durante 15 dias... só 15 diazitos e tenho a certeza que ao fim de uma semana metiam baixa!

Hoje entrei às 8h30, almocei em pouco mais de meia hora e saí da escola eram quase 6h30... e não é um caso pontual!!

RCataluna disse...

Retrato muito pertinente sobre o estado da educação. Nunca a profissão de professor esteve tão descredibilizada!

Abraço!

Zig disse...

Caramba! No fim li que isso não era a tua opinião, era um texto do jornal Público! Ainda bem, é que não fica nada bem dizer que a metade dos professores não prestam para nada. Tenho muitos amigos que têm essa profissão nobre, porque é isso mesmo, uma profissão nobre!