Este pequeno conto foi descoberto recentemente no sótão da AR, desculpem da Ampla Residência, para não fazer confusão, o seu autor é o famoso Edgar Além Põe, assim chamado porque todas as massas que fazia por cá mandava para as ilhas Caimão e para outros paraísos fiscais tipo Madeira e assim. O título em Italiano também não percebemos, mas depois de lerem verão que faz sentido, Portugal, máfia, chulos, corrupção, será?
- Naquela manhã soalheira e quente, Anastácio Amaral dormitava, com o pensamento longe, em terras da Ibéria Lusa, meses antes andava por aqueles cerros e montes a caçar PR, verdadeira praga humana, uma espécie de vampiros, umas sanguessugas vis com queda para o proxenetismo. Fora aí numa casa de alterne perto de Albergaria dos Treze que conhecera, Salústia Vanessa a Stipper Perneta, ela não lhe saía da memória.
Anastácio sempre perseguira com denodo os PR, sentindo-se vexado sempre que algum, lhe conseguia escapar, por vezes a Lei, essa coisa tenebrosa, justamente inventada para sancionar actos que meros anos antes seriam crime, a Lei fazia com que Anastácio, que era um cidadão respeitador, não pudesse deitar a mão ao malvado PR, enquanto todos os outros pobres habitantes, tinham de viver com as migalhas que a custo tinham amealhado, os PR lá seguiam acumulando reformas.
Salústia Vanessa, era um desses casos, uma carreira brilhante, despia-se como ninguém, os reluzentes e grandes seios besuntados de óleo, eram verdadeiras pérolas naturais, nada dessas badalhocas de silicone, o resto era uma escultura. A pobre havia sofrido um acidente de viação, um bêbado em contra-mão numa auto-estrada e em excesso de velocidade, sim porque apesar de naquela terra existir a tal Lei, aquilo era uma farsa, conduziam bêbados que nem cachos, mas tinham sempre desculpa, sempre em excesso de velocidade, quais limites quais carapuça, o limite é o que o carro der, a pobre da Salústia ficou perneta.
A pobre deixou de poder trabalhar a tirar a roupinha agarrada ao varão de metal, recebia uma reformazita de 300 Euro, bem bom dizia ela, mas que não dava para nada, tal era o preço que as coisas atingiam naquela terra, por outro lado o PR acumulava reformas, duas, três, quatro, ordenados e terços de reforma, enfim negociatas torpes, vergonhosas traficâncias que faziam rir os pobres que tinham de subsistir com tão pouco.
Anastácio sentia-se enojado, com aquela terra, os PR eram milhares, nunca em nenhum outro país vira tantos.
No entanto o resto do povaréu seguia, alegre, mesmo depois de saber que alegre, ficava quem trabalhava três meses e recebia 3000 Euro de reforma, ou como noutra situação em que Juan o amigo espanhol o alertara dizendo. – Mira, mira, Amaral, un outro que trabajando un año se queda com milles de Euro.
- Anastácio Amaral, vomitava de raiva, que cambada de cretinos, estes proxenetas, estas sanguessugas vampirescas, arruinavam a nação sugando-a até ao tutano, antes tinha vindo a louca onda das privatizações, anos a fio haviam intoxicado a maralha, dizendo que as empresas davam prejuízos e que era preciso privatizar, porque torna e porque deixa.
- Não percebo é porque privatizaram só o que dava dinheiro! – Remoía Anastácio. – Tinha razão, enganados os lorpas, os politiqueiros tinham sob pressão da rapaziada do costume, os mesmos que lhes enchiam os bolsos de prendas, privatizado aquilo que dava realmente dinheiro, os cimentos, a banca, as petrolíferas. Sim porque os buracos continuavam a ser públicos CP, TAP e outras do género. Ora todos esses milhões enquanto o Estado tinha sido rico serviram para alimentar os PR, a coberto de leis feitos por eles próprios, a mama continuava.
Anastácio chorava. – Pobre de mim e pobre da Salústia Vanessa, como acabar com o PR, jamais o vou conseguir.
- Enquanto seguia com estes pensamentos, o Sol prosseguia a sua rota, amanhã era dia de trabalho, Anastácio, pegava nas obras às 7.00h, na Suíça para onde emigrara com a Salústia, dedicar-se à construção civil, pagavam bem e daqui a 10 anitos tinha dinheiro suficiente para viver bem, além disso a Salústia estava grávida e a licença de maternidade que lhe pagavam era maior que a maioria dos desgraçados que em Portugal se matavam a trabalhar, mas Anastácio não conseguia esquecer, e gritava!
- Malvados, filhos de puta, bandidos, proxenetas!
Fim
Caro Leitor, para esclarecimento de Vexa. adiantamos que isto é pura ficção, a sigla PR, designa o termo Papa-Reformas, não confundir com alguém que conheçam que tenha três reformas e ocupe alguma posição com a mesma sigla e quem se deva respeito institucional, da mesma forma CP é a Sigla de Carroças de Portugal e TAP, a sigla de um projecto de promoção da semana do coração, Tente Andar a Pé. A delirante ficção de Edgar faz parecer tudo isto real, mas não é caro Leitor, é tão-somente a Octocentésima Dimensão, aquela onde você vive, Portugal.
Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia
25 comentários:
Tenho um caso no meu work.Ele pediu reforma antecipada, por causa das novas leis da função pública e agora está lá a recibos verdes, a mamar a reforma,a tirar o lugar a um jovem, ou desempregado e ainda a levar mais outro ordenado para casa!Mas o estado é que permite não achas???
Quantos casos destes?
Boa semana
Caro Amigo Barão, imagino o E.A. Poe é a dar voltas na tumba com a tua sempre fértil imaginação!! Ke não sei porkê (fiuuuuuuuuuuu - assobio), me parecem puras analogias ke retratam tão bem casos da vida real!! O mesmo acontecia com Poe em muitos dos seus livros (segundo reza a História)!! Coincidências?? Fenómeno Paranormal?? O certo é ke rediges uns bons Posts, num estilo cheio de humor e causticidade/irónica (como eu fazia nos bons velhos tempos)!! Parabéns mesmo, pelos últimos Post´s ke tens publicado!! Grande Abraço...Carlos.
... pois... é... bem... não é real a tua história... mas retrata a nossa bem actual realidade!
Fica bem!
O Estado permite, e em terra de cego, quem tem olho é rei...
Beijos
são mais q as mães. Vergonha.
ó pá, POR FAVOR, escreve um livro!!!! super show de bola.
História fantástica e adequada ao nosso tempo e miserável país de PR's!!
Epá!
ABRAÇO APERTADO,
BSHELL
Que bem escreve o poeta morto! Creio que o Além traz uma certa lucidez ampliada pelo distanciamento...e claro, ficção é ficção é ficção! Beijinhos
Ainda bem que avisaste que é pura ficção... :-)
Qualquer semelhança com factos reais... *cough*
Pura ficção!!;)
Octocentésima??????
Muito bom já ser a octocentésima...
LOL
Bjus
Que curta é a distância entre a ficção e a realidade... só não concordo com uma coisa: atribuíres nomes fictícios aos personagens e afeminares a chulice com "proxenetismo". Eu gosto de chamar os bois pelos nomes e para mim um PR é sempre um Presidente da República que, desde há muito tempo, ainda eu não me chamava "xicoxperto", nick que adoptei há, apenas, algumas semanas, pergunto, sem obter resposta, para o que serve. As dificuldades com que me deparo no dia-a-dia (como qualquer cidadão) para "governar" a vida, nesta miserável república de bananas, não faz de mim adepto fervoroso de qualquer tipo de governação, seja ela baseada na república ou na monarquia, mas já que temos de ser governados por alguém (pelo menos é essa a opção que nos "vendem", desde o berço até à cova), então que seja por gente com um mínimo de seriedade, coisa rara entre os políticos.
Já sei que vão aparecer vozes conciliadoras com a conversa do costume; que alguém tem de governar e que a democracia é o pior dos males etc., etc. Assim seja mas com um mínimo de decoro. Vão chular a mãezinha deles.
Parabéns pelo conto e viva a anarquia (que é, afinal, o regime em que vivemos ehe ehe ehe ).
Se não tivesse o aviso de que era ficção era bem capaz de pensar, que já tinha visto em algum lado! ;-)
Obrigada pela visita
É a vida...
Abraços da Dani
sentido de humor não te falta. nem humor nem palavras. gostei. ganda post.
bjs
Oi Barão,
Soberbo o teu texto. Fiquei deliciada pela forma como "brincas" com as palavras. Parabéns.
Bom fim de semana
Bj
Viva Barão de Troia...ainda só não percebi na realidade o que de concreto tem este País para todos sentirem que se encalha ou por prazer, ou mesmo por maldição!...No lo sey.
Essa história está fantástica !
Uma ficção real, sem dúvida.
Bjs*
Vou voltar com tempo... gostei do que li
Parabéns pelo tão tenebroso conto à E. A. Poe! Se esta "ficção" é semelhante à realidade, prefiro desaparecer... Um abraço
Do que você se lembra! :)
Ai Portugal, Portugal!...
Pura ficção?
Não, pura realidade!
Quem me dera a mim que tudo fosse imaginação!...
~*Um beijo*~
PQTP, manda lá mais uns acrónimos!
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