quarta-feira, junho 21, 2006

Projecções, admirações e confusões!

No outro dia escrevi um textozeco, dando umas arreatadas nos jornalismos de pacotilha que imperam na nossa terreola. Posteriormente nos jornais apareceram também alguns textos de gente séria, bem escrevente, que escreve em jornais diários, cujo conteúdo era aproximado aquilo que eu escrevi, tal facto fez-me pensar mais no assunto.
E chegar a esta reflexão; nós projectamos, em algumas categorias profissionais, a nossa esperança de mudança, queremos acreditar que existe gente que consegue realmente mudar isto, gente que é isenta e dedicada a causas, gostamos de acreditar que existe um punhado de carolas que são tudo aquilo que nós não somos enquanto sociedade. Os Jornalistas são um exemplo dessa projecção de esperança, elevados à quase condição de paladinos da verdade e da moral, situação que nós os consumidores de notícias fomos construindo, qual mito sebastianista, reflexo de um desejo de mudança, que por inércia e incompetência somos incapazes de ressuscitar delegando assim esse poder em terceiros, o que facilita a coisa.
Acontece que ser jornalista é ter uma profissão, igual a ser canalizador ou polícia, antes de ser jornalista, é-se um ser humano não isento de todas as virtudes e misérias da condição humana, essa pessoa também adora carros de alta cilindrada apartamentos no Algarve e mariscadas de 500 Euro, este é o pormenor que nós não intuímos. O Jornalista não é nenhum ser especial, é antes de tudo uma mulher ou um homem, com desejos com gostos com taras. Claro que esperávamos que o Jornalismo estivesse eivado de criaturas que famintas da verdade, devorassem a mentira e a revelassem nua e crua expondo os podres desta miseranda sociedade, infelizmente não está, existe um punhado de Jornalistas sérios, uma mão cheia de jornalistas medíocres, e uma enorme caterva de nulidades que se intitulam jornalistas, um espelho do resto da sociedade.
Temos de admirar este governo, temos de admirar a sua argúcia e sentido de oportunidade, isto a propósito da pobre bebé que faleceu num hospital em Espanha, onde por portas e travessas a obrigaram a ir nascer, com o seu infeliz falecimento colocou-se uma questão, então e a trasladação do corpo, como é?Quem paga? Em território nacional, é aos familiares que incumbem essas expensas, mas neste caso a criança está em Espanha, levada para lá, ou antes empurrada para lá pela cegueira economicista, dum governo de desvario acentuado, quem paga então?
Temos de admirar a resposta do senhor Ministro, foi a típica resposta dum manga-de-alpaca, da burocracia Lusa, a título excepcional e pontual, o Estado ou seja, todos nós os papalvos vamos assumir as custas. Com esta resposta o senhor Ministro elucidou bem o clímax da politiqueirice à Portuguesa, ninguém sequer tinha previsto esta situação. Temos de admirar semelhantes génios iluminados que engendram tais esquemas para poupar uns tostões, deixando de fora da equação o facto mais natural inerente à vida que é a morte. Realmente temos de abrir a boca e dizer um profundo e sentido Ahhhhhhhh! de admiração com tão eloquentes exemplos de sapiência e visão, caramba estes senhores mereciam estar na NASA, ou quem sabe talvez até serem a próxima tripulação a destacar para um voo espacial até Plutão. Este situação faz lembrar o tempo da outra senhora, onde os pobres diabos que eram obrigados a ir combater para África, caso falecessem, era à família que se imputava o pagamento da urna, claro que muitos por lá ficaram, um tio meu só regressou, o que restava dele, em 92, altura em que toda família se cotizou para fazer regressar as ossadas.
A confusão instalou-se no Parlamento de Portugal, lançando mão de uma prerrogativa que só os senhores deputados da Nação, têm, antecipou-se os debates para a manhã e adiaram-se outras questões para o dia seguinte, porque hoje Portugal joga contra o México e os diligentes, incansáveis, preclaros e responsáveis senhores Deputados da Nação, querem ir beber umas Minis e desbastar um tremoço de desfastio enquanto assistem aos nossos rapazes a dar uma trepa aos Zapatas e Panchos mexicanos, espero eu.
Caros senhores Vexas. laboram numa terrível, confusão, os senhores, não trabalham na oficina do Zé Carlos, ou na Loja do Serapião, não! Os senhores são Deputados deste país eleitos, para ajudar o país, os senhores têm o dever moral de dar exemplos de bom senso, os senhores tem o dever de ter moral.

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

17 comentários:

sandes-de-coirato disse...

Pois é. O jornalismo deste país anda pelas ruas da amargura. Diz-se que no melhor pano caí a nódoa mas neste caso nem o pano é bom. Há excepções. Felizmente. Mas a nódoa é ainda mais difícil de sair se falarmos nos jornais regionais. Desde profissionais medianos à subserviência política... temos de tudo.
Quanto à folga dos nossos políticos, eu também folguei. Mas eu só tenho que prestar contas à minha conta bancária. Não sou funcionário de 10 milhões de portugueses e não sou pago com o dinheiro dos contribuintes.

Cherry Blossom Girl disse...

Já tivemos melhores dias..já já...
Ai, ai.
*

isabel mendes ferreira disse...

teriam.....!


mas não. o que têm é uma terrível falta de vergonha....entre muitas outras coisas....


bom dia.

A Sonhadora disse...

Querido Barão, vivemos infelizmente na REPUBLICA DAS BANANAS...sabes o que isso é, não sabes? Sem REI...nem roque!!!
Obrigada pela tua visita e desejo que passes uns dias bons...até ao próximo fds...
Bjinhussssssssss

Luz Dourada disse...

Não é que "isto" faz lembrar que parece ter ficado esquecido que houve um 25 de Abril???

Custa aceitar este estado de coisas, mas a democracia tem altos valores mas dificil gestão...

Estamos todos a aprender e a custar-nos caro...

Obrigada pelas visitas!

Beijinho,

just me, an ordinary girl disse...

Pode ser o mundial de futebol, para mim são apenas jogos de bola....

"há mais coisas na terra, há mais no céu..." do que futebolices!!!

Rosario Andrade disse...

Bom dia, Barao!
Excelente texto, muitos assuntos focados, todos eles merecedores de severas criticas... qual será o futuro da pais? Havera algum futuro a haver?...
Bjicos!

Teresa Durães disse...

(hoje não me apetece política... na realidade quase nunca me apetece... mas Remarque é um excelente escritor!)

BlueShell disse...

tens toda a razão!

1º - esperamos que os jornalistas sejam seres especiais, isentos, fieis apenas à Verdade!( doa a quem doer) - Pois não é assim!

Esperamos que quem nos governa tenha competência e Bom-senso...(nem sempre assim é - lamentável)
...e no meio de tudo isto nós, Portugueses, vamos levando a nossa vidinha sem nos manifestarmos senão esporadicamente à mesa do café!...( e pouco mais)...

beijosssss azuis
BShell

Casemiro dos Plásticos disse...

isto já não o que era!

125_azul disse...

Está tudo dito, sr. barão. Na verdade, está tudo escrito. E bem, muito bem. Abraço

Dad disse...

Vamos lá ver se isto tem chance de melhorar...

Bom fim de semana!

Um beijinho,

SA disse...

Os jornalistas defensores da moral e dos bons costumes daprofissão, normalmente, são os que mais possuem telghados de vidro.
Quanto aos deputados, também não é necessário ser extremista, só por causa do jogo :)
bom fim semana. :)

Alien David Sousa disse...

Francisco, gostei mesmo do teu texto.Tenho apenas um apontamento pequenino a fazer. Após teres esrito um texto tão poderoso,como é que ainda "envias um abraço"?

Que tal seres mais honesto e coerente com o teu texto e no final teres assinado:

Vão-se mas é FOD#"$!!
Francisco


Saudações alienígenas :D

agua_quente disse...

Eles têm o dever? Não eles deveriam ter o dever... estás a ver a diferença? :))
Beijos

Sofia Melo disse...

Pois é, caro barão. houve uma altura, quando entrei na advocacia, em que acreditei que iria trabalhar para fazer a diferença, para haver mais justiça, para haver advogados que não fossem trafulhas. Desisti, amanhã vou apresentara minha suspensão. Advogados honestos existem, mas muitos, especialmente os mais jovens, morrem à fome.
Os jornalistas tb sofrem desse mal - os que procuram a verdade, e a encontram, muitas vezes, encontram tb, com ela, a ruína, porque vivemos num país dissimulado, cínico, cunhista e interesseiro. deixei de ver telejornais, parecem campanhas políticas e operações estéticas para mudar as imagens que temos das coisas e dos factos.
Deputados, essa corja que não merece o nome e o cargo que usam (e abusam) - todos exonerados, em bloco, e processados por vários crimes associados ao abuso de funções e regalias, à delapidação do património público, ao gozo que dão ao cidadão pagador de impostos.
Vergonha.
Excelente post, barão. Excelente.

Francis disse...

Também não me importava de meter estes politicos na próxima missão da NASA. A plutão ou Saturno desde que fosse com bilhete apenas de ida.