terça-feira, junho 27, 2006

O Ensino. (Humildes subsídios para a compreensão da estupidez endémica da Lusa gente. Parte 3ª de várias)

Nós, os Pais desta geração de alunos, somos outra das componentes desta equação, do estado miserando do ensino em Portugal, num comentário a um post deste blogue a Teresa diz:” …não culpem os pais que andam aflitos a tentar pagar as rendas das casas.”
Por muita razão que tenhas não posso concordar contigo. Os pais têm de ser culpabilizados pelo abandono da Escola, pelo abandono dos seus filhos, pelo abandono da cidadania, pelo abandono do civismo e do respeito por si e pelos outros.
Os pais pura e simplesmente demitiram-se da educação dos filhos, a desculpa do trabalho, da renda da casa, do pão na mesa, serve para não educar serve para não dar exemplos. Isto é facilmente constatável, trabalho na Biblioteca de Almeirim, no final do dia quando saio, basta olhar para o chão para perceber, a educação que os pais dão aos filhos, 30 anos de campanhas para sermos amigos do ambiente, pouco mais conseguiram que arranhar a Porcolândia que somos, assegurada que está a nova geração de bácoros.
Ainda no meu local de trabalho constato uma coisa extraordinária, existe uma geração de utilizadores, que entra, diz bom dia e boa tarde, pede por e diz obrigado/a, tem todos mais de 50 anos, daí para trás até aos fedelhecos irritantes de 6 ou 7 anos, muito poucos são aqueles que conseguem articulara palavra obrigado e muito menos um Bom dia ou Boa tarde.
Não é à Escola que cabe ensinar estas regras de civilidade aos meninos, se bem que até se esforce para isso, estas regras cabem aos Pais, mas a grande maioria deles não o faz. Não adianta pois querer ter uma sociedade melhor se não nos importamos em a construir, quererão os Pais, que os seus filhos sejam educados por geração espontânea, ou talvez que se invente a pílula da boa educação.
Fazendo uma introspecção séria, teremos de nos autoavaliar enquanto Pais, ser honestos connosco e perceber onde falhamos, como falhamos e porque falhamos, deste esforço colectivo, tentaremos ser melhores para exigir mais, para ensinar e educar mais.
Nós os Pais desta geração somos, culpados, da mesma inércia laxismo e incompetência que criticamos, nos outros, somos tão mais culpados porque procuramos cordeiros sacrificiais que nos aliviem a culpa e que distraiam as hostes da nossa incompetência e culpabilidade. Numa analogia, não do código do Dan, nós os Pais desta geração somos o Judas Iscariotes do Ensino, ao negarmo-nos negamos a consubstanciação da nossa natureza de Pai uno com o Filho e abandonamo-lo na cruz, como Cristo no Gólgota “…Pai, porque me abandonas-te…”
Essa para mim é a nossa “mea culpa, mea máxima culpa”. O abandono a que votamos a educação dos nossos filhos, apoiando-nos somente nas escolas. Enquanto Pais, estamos a falhar, esse falhanço está à vista, até quando preferiremos ignorar, não sei, talvez para sempre.

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

6 comentários:

just me, an ordinary girl disse...

Hummm, sou mãe e, além de apaixonada por minha filha, tenho um imenso orgulho nela. Não sei dos filhos dos outros, mas minha filha supera em muito a mim e a grande parte dos adultos que eu conheço.
Falo de civismo, boa educação, consciencia do bem/mal e certo/errado, entre outras coisas.
Sou mãe sozinha e tenho renda de casa e muitas outras coisas a me apoquentarem dia sim dia também... Essas coisas não nos impedem de amar, cuidar, educar...
Não é minha opinião. É o meu testemunho...

Francis disse...

É certo que levamos hoje uma vida na corda bamba. No entanto, tal facto é por sí só incongruente como desculpa para desresponsabilizar os pais da educação dos filhos.
A educação - ou a falta dela -começa sempre em casa.
Um abraço!

Dad disse...

Reflexão profunda sobre o estado de coisas que não parece estar muito saudável. E educação está muito "deseducada"...

Beijinho,

Politikus disse...

Tenho a sensação que os pais de hoje não sabes ou não conseguem educar os filhos. Vejo isso nos filhos dos meus amigos... não têm mão neles. Como a minha avó dizia, não se bate numa criança, mas por vezes uma palmada na altura certa faz milagres...
PS- Não sei o motivo, mas tenho dificuldades em entrar aqui, vou parar a uma páginade publicidade.

Manel do Montado disse...

Tens toda a razão. Como se pode atribuir aos professores a responsabilidade única da educação das gerações se lhes foi coarctado todo o poder disciplinar?
Os nossos filhos quando vão para a escola já deveriam levar as bases do núcleo familiar, aquelas que nos eram passadas pelas gerações antecedentes.
No meu tempo de criança os avós tinham um papel primordial na educação dos filhos dos seus filhos, desde logo por não deixarem os pais errarem.
O que ensinámos a várias gerações foi a colocar em lares os que detinham agora tempo para se dedicar às nossas cria, colocando estas em instituições que despersonalizam as pessoas ao imporem comportamentos estereotipados a todos em detrimento do eu.
Quanto aos professores, alguns merecem ser avaliados pelos pais (?), pois são os fracassados que tiraram um curso superior para terem um emprego e ensinar, no verdadeiro sentido” obriga a muito maias do que ter um emprego e debitar matéria.
Vivemos numa sociedade em que o que pesa é o alheamento das questões e o responsabilizar os outros pelos nossos erros,
Sou apologista de que um castigo ou uma palmada na hora certa e em pequenino corrigiria muitas coisas.
O problema é estrutural e depende de como o pai e a mãe encaram o nascituro logo no primeiro dia.
Um abraço

Teresa Durães disse...

ops... está aqui o meu nome lolololol

(os meus filhos não deitam lixo para o chão, são escoteiros, separamos o lixo e somor seres cívicos. Por nós falamos!!!)

Ah!!! E sim, podem culpar-me de tudo porque até agora sinto que sou a única a educá-los

è verdade!!!!!!

A escola é uma miséria

Mas só sou mãe há 14 anos.