quinta-feira, junho 29, 2006

O Ensino. (Humildes subsídios para a compreensão da estupidez endémica da Lusa gente. Parte 4ª de várias)

Os Professores, são outra componente importante desta equação, todos sabemos que esta função é especial, deveria ser encarada, como especial, deveria ser protegida, bem paga, enaltecida e respeitada. Infelizmente não é nada do acima descrito.
Nos dias que passam, ser professor é a angústia, o desespero, o desalento, o desencanto e o ódio. Claro que 30 anos de abusos, de legislação abusiva e de disparate, conduziram a classe Professores ao estado a que estão hoje, ele era, artigos para tudo e para nada, faltas atrás de faltas, baldas e rebaldas, galfarrices várias mais ou menos legais.
Depois a juntar à festa, permitiu-se num período de carência, que qualquer gato-sapato, fosse professor, a classe e qualidade bateram no fundo. Engenheiros, advogados, policias, ladrões, arquitectos, toda a bicharada que para arranjar uns trocos ou por não ter mais nada para fazer ia dar aulas, como se ensinar e ajudar a educar fosse uma coisa na qual não deva existir muita atenção carinho e empenho.
Enfim banalizou-se a profissão, veio para ela gente que será excelente profissional em áreas tão díspares como o fabrico de pão ou a física nuclear, como professores foram e são das mais completas nulidades, Arrisco mesmo a dizer que metade dos professores de todos os graus de ensino, do pré ao universitário, são umas absolutas nulidades como professores, não sabem ensinar, são péssimos profissionais, dão mau nome à profissão.
Da metade restante, 50% são excelentes, por isso é que o descalabro no ensino não é pior, 30% cumprem com honestidade a função, 20% são fracos mas ainda assim muitos furos acima das nulidades.
A culpa dos professores, reside essencialmente no abandalhamento em que deixaram cair a profissão, na rebaldaria de faltas de descrédito em que muitos lançaram a profissão. Verdade seja dita que a maioria das pessoas nem sonha o que é ser professor, muito menos hoje.
É imperioso que se avaliem os professores, que se promova a excelência, é imperioso que os Sindicatos de professores assumam a defesa honesta dos bons profissionais e condenem os disparates e as falcatruas, a começar nos próprios sindicatos, é imperioso que se dignifique a profissão.
A falta de formação, os ordenados de miséria, a instabilidade, o trabalho complementar que um professor necessita de fazer, todo o dinheiro que tem de gastar do seu bolso, não conheço profissão nenhuma que gaste tanto dinheiro do seu bolso para trabalhar com um professor. Todas estas condicionantes geram os maus profissionais que vegetam no ensino, que corrompem os excelentes profissionais que ainda lá estão, durante muitos anos os abusos foram tantos que hoje se paga o preço derradeiro do disparate e da falta de bom senso, vamos esperar por melhores dias, melhores gentes, melhores escolas.

Um abraço, deste vosso amigo
Barão da Tróia

21 comentários:

Blossom disse...

Vim retribuir a visita e deixar o meu testemunho em como entendo tudo o que a classe docente atravessa neste momento (eu não sou professora, mas vivo com um professor) e acho que o mal não vem de agora. Apenas penso que a ministra está a abusar no que anda a fazer. Os professores não podem ser os bodes expiatórios da função pública. Eles são os únicos funcionários públicos com formação superior, porque raio são tratados de igual modo a um funcionario de uma qualquer repartição de finanças que não passou o antigo 7 ano (9. de agora)? não é justo!

O Micróbio II disse...

"Da metade restante, 50% são excelentes, por isso é que o descalabro no ensino não é pior, 30% cumprem com honestidade a função, 20% são fracos mas ainda assim muitos furos acima das nulidades."... eu gosto é de números destes atirados para o ar sem nenhuma base de sustentação... eu gosto de objectividade e esta diz-me, por exemplo, como é que uma profissão tem como regalia o dobro dos dias de férias da grande generalidade das outras profissões. E não me venham cá com histórias de desgaste... porque "desgaste" existem todas as profissões: mineiros (25 dias de férias), médicos (25 dias de férias), padeiros (25 dias de férias)... falta acrescentar que não sou professor mas vivo com uma professora...

just me, an ordinary girl disse...

Não sou professora e ainda não percebi o grande drama que eles dizem estar a viver neste momento. Para mim, é uma profissão como qualquer outra, os porfessores não estão nem acima nem abaixo de ninguém, e não percebo o comentário da blossom em que diz que não deviam ser tratados como qq outro funcionário publico.
Tb não sou funcionária publica, esclareço. Cada um de nós deve apenas ser o melhor possivel naquilo que faz. Todos somos igualmente dignos de respeito e consideração e todas as funçoes e profissões são imprescindiveis na nossa sociedade de hoje.

Alien David Sousa disse...

Barão, concordo 100% com o que escreveste e é raro isto acontecer. Encontro sempre algo com que não estou plenamente de acordo nos textos.
"é imperioso que se dignifique a profissão."
Sim é.
Quando li esta tua frase a primeira coisa que me veio à cabeça foi: dignificar a profissão é ter os pais dos alunos a observar e escolher os professores dos seus filhos?A apontar os que gostam e a por de lado os que não gostam?
POr este caminho, a profissão de professor será extinta e quem sabe,as mães em vez de ficarem em casa a ver televisão vão dar aulas.

Não sei o que tem de ser feito, para mudar o rumo catastrófico em que isto está, mas sei que comom está qual Titanic!

Saudações alienígenas
p.s excelente Post

Politikus disse...

Isto está a ir por um caminho que o futuro, vai ser assim:
O aluno passa sempre, quem é avaliado é o professor... hehehehe

Francis disse...

Amigo, vamos esperar um melhor tudo!
Gostei do comentário do Polittikus!

CN disse...

os piores professores estão no ensino privado, nomeadamente nas universidades. não pode haver pior. se há bandalheira no ensino, é nas universidades privadas. sei do que estou a falar. sou aluno...

Elise disse...

eu acho que a solução para a trapalhada que é o nosso ensino público passa pelo cheque ensino, pela livre escolha por parte dos pais da escola onde querem pôr os filhos, e pela descentralizaçao da gestão e administação das escolas. porque nºao podem estas contratar os professores? e com os cheques ensino as escolas teriam de competir entre si para atrair os alunos.

Mac Adame disse...

Isto está como está porque os governos precisam de votos e são mais os pais do que os professores. É fácil ver, pois, a quem é que o governo tem que agradar para receber os seus votozinhos. Isto também está como está porque agora os pais demitiram-se de educar os filhos e depositam-nos na escola, com a conivência do governo, que habituou os pais a pensar que a escola serve para tomar conta dos filhos e não para ensinar. Mas, claro, perante a estreiteza de vistas que impera neste país, em que todos têm opinião sobre coisas das quais não percebem nada, aparecem comentários como dois ou três que já aqui li. Um deles diz viver com uma professora. Das duas uma: ou vive em part-time e por isso não vê o trabalho que ela tem que fazer em casa, ou então tem que viver com uma que não faz nenhum (conheço exemplares desses em todas as profissões). Aliás, deve ser esse o caso, uma vez que, ao que parece, essa senhora tem 50 dias de férias e não 25. A ignorância tem destas coisas. É que eu também vivo com uma professora e ela tem 25 dias de férias (e sei que se fosse contratada só teria 22). Mais: farto de a ver a trabalhar em casa, já ando a fazer chantagem. Se vir que está a trabalhar, não mexo uma palha e obrigo-a a abandonar o que está a fazer para tomar conta da minha filha. Agora é assim. Querem obrigá-la, cada vez mais, a passar o horário dela todo na escola a tomar conta dos filhos dos outros, e não se lembram que em casa passa a vida a trabalhar para a escola, nos fins-de-semana e tudo. Pois comigo agora fia fino: se tem que cumprir o horário na escola, deixa de trabalhar em casa. Suponho, portanto, que a professora que vive com o comentador referido seja uma das tais engenheiras que andam a dar aulas. Quem não percebe o problema dos professores neste momento, é porque não percebe mais nada. Aliás, muitos não percebem porque não sabem educar os filhos, autênticas bestas, e habituaram-se de tal maneira à má educação deles que não conseguem perceber o que é ter que aturar 20 ou 30 dessas bestas ao mesmo tempo. Faço eu o favor de lhes chamar bestas, já que os professores, coitados, não o podem fazer, se não então é que caía o Carmo e a Trindade. Mas é isso que a maioria dos pais e filhinhos são neste momento: autênticas bestas. E não é preciso ser-se professor para o saber, basta andar na rua e ver a má educação dos meninos de hoje, perante o olhar embevecido dos pais. Tenho medo do que a escola poderá fazer à minha filha, não por causa dos professores (que se ela tiver o azar de ter um mau professor, ainda lhe posso eu ensinar umas coisas em casa), mas por causa dos coleguinhas delinquentes que não podem sequer nos dias de hoje levar uma reprimenda do professor como deve ser. Se a democracia é isto, não quero, obrigado.

Isa Maria disse...

ser professor nos dias de hoje é muito difícil, em especial pelas condições das escolas, do andar com a casa às costas, com a malcriadice dos alunos e pais, enfim, com as leis cada vez mais absurdas e é por estas e por outras que me vi obrigada a colocar os meus filhos num colégio e sustentar a escola deles, do meu bolso. Foi a minah opção, não tive outra alternativa.

Eric Blair disse...

A juntar a isso tudo, há que ter em conta a massificação, que necessariamente baixa o nível médio da qualidade de todos os intervenientes. Sei que esta não é uma afirmação politicamente correcta para um gajo de esquerda, mas isso não é coisa que me preocupe.

Nevrótica Aluada disse...

Bons professores são aqueles que impulsionaram a nossa maneira de ser/estar, que nos ensinam a pensar, a agir e que nos concedem a liberdade de escolher. O resto dessa classe leprosa devia ser chicoteada em praça pública. Continuo a afirmar que o ensino se resume a uma toxicidade da comoção neuronal doseada com a produção maciça de estupidez que é suportada e estimulada pedagogicamente pelos nossos governantes e povinho moderno. Actualmente ando a curar as maleitas de anos e anos de ensino proveniente de bestas clonadas.

Quanto ao teu post encerra realidades mais que vistas mas, viciadamente encobertas. Contudo, é sempre necessário salientá-las e alertar a consciência colectiva para ver se trabalham o neurónio. Tenho a dizer que existem vários cursos em que se gasta imenso dinheiro na licenciatura e, os estágios são um ingresso ao colapso cardíaco. No fim trabalham no Mac Donalds ou num call center. O caos é proporcional a várias áreas.

Bem, vamos lá ver se continuamos no paradigma do santo Guterres, a paixão pela educação de não se fazer um cú.

Bom fim-de-semana a bater as asinhas ;)

sem-comentarios disse...

Não é fácil ser-se professor , num país como o nosso.
Hoje é o dilema dos professores,ontem dos enfermeiros, no mês passado, dos funcionários das repartições públicas.
O que é certo, é que tudo continua na mesma e este governo põe e dispõe dos cidadãos, como se fossem simples marionetas nas suas mãos !

Bj**

V.P. disse...

E axas que o pessoal se interessa, desde que o bolso esteja cheio!!!!
**LOL**

Leonor disse...

pois é barão. banalizou-se a profissao por tudo o que apontaste no teu artigo e agora, gente que está na profissao por vocaçao e que traz sempre feito o trabalho de casa paga as favas pelos outros.

abraço da leonoreta

Å®t Øf £övë disse...

Barão,
Penso que é a primeira vez que visito este teu espaço, e gostei muito dos teus textos em forma de reflexão.
O caso dos professores, é realmente comlicado. As pessoas muitas vezes recorrem ao ensino não por vocação, mas por não terem outro tipo de alternativa, e isso faz com que o nivel do ensino baixe bastante. Mas também é verdade que não devemos generalizar, porque também há belíssimos professores que praticam a sua actividade por convicção, e vocação.
Abraço.

agua_quente disse...

Mas olha lá, essas percentagens são tiradas de algum lado, para além da tua cabeça? Eu não sou professora mas acho que, quando escrevemos seja o que for para ser lido, devemos basear-nos em factos sólidos.
Tenho o maior respeito pela profissão, acho que devia ser das melhor pagas e reconhecidas, mas infelizmente não o é e, para falar verdade, não é só no nosso país. Olha , informa-te sobre a América, por exemplo...

E já agora, pareceu-me ler nos comentários que os professores são os únicos funcionários públicos com formação superior. Mas como é possível dizer semelhante asneira? Só pode ser de quem não faz a mínima ideia do que é a função pública. É com estes que o governo conta quando os abandalha...

Beijos

Luz Dourada disse...

Vim de corrida só deixar um beijinho!

Estou cheia de trabalho. Espero voltar rapidamente
para te dar a atenção que mereces.

Boa semana cheia de trabalho e alegria!

Ana Luar disse...

Concordo que o ensino é uma das bases mais importantes para o desenvolvimento de todo o cidadão. Mas…. Não acho que estejam acima de ninguém. Todos nós e quando falo “nós” note-se que falo dos competentes, dos que se entregam de corpo e alma ao que fazem, merecemos um bom ordenado…
Merecemos respeito…
Merecemos atenção.
Agora não entendo a razão pk se diz que os professores deveriam ser uma classe privilegiada…

Quanto à avaliação da senhora ministra... digo: acho que deveriamos todossss e digo TODOS ser avaliados... desde os professores, aos pais, aos politicos, ao simples servente de obras... Todos...

Cherry Blossom Girl disse...

E a luta continua!!!

Beijinho
***

Anónimo disse...

Gostei especialmente daquela parte em que nos fala da "rebaldaria de faltas de descrédito em que muitos lançaram a profissão."
Há aqui qualquer coisa que não faz muito sentido!